segunda-feira, 4 de julho de 2011

Saudade extrema.


SAUDADE EXTREMA

Gentil Rola, que sobre o ramo seco,
Desse viúvo freixo, brandas queixas
Espalhas toda a noite, e escutas o eco
Repetir-te mavioso iguais endechas:

Não chores. Ouve a meu saudoso canto,
Que excede quanta mágoa arroja a sorte:
Ninguém, como eu padece extremo tanto,
Que a ninguém roubou tanto a crua Morte,

Tu viste Márcia: a Márcia, oh Rola, ouviste,
Quanta beleza, oh Céus! quanta doçura!
Tem coração de bronze quem resiste
À dor de a ver no horror da sepultura.

Tu podes ter formosa companhia
Terna e fiel. Filinto desgraçado
Te perdeu a sperança lisonjeira
De achar Márcia em transunto inanimado.

Filinto Elísio


Filinto Elísio nasceu em Lisboa, no dia 23 de dezembro de 1734 e faleceu em Paris, no dia 25 de fevereiro de 1819, foi um poeta e tradutor, português do Neoclassicismo. O seu verdadeiro nome é Francisco Manuel do Nascimento, e foi sacerdote. O seu pseudônimo, Filinto Elísio, ou também Niceno, foi-lhe atribuído pela Marquesa de Alorna ( a quem ensinou latim quando se encontrava reclusa no Convento de Chelas), dado Francisco Manuel do Nascimento ter pertencido a uma sociedade literária – Grupo da Ribeira da Naus -, cujos membros adaptavam nomes simbólicos. De origens humildes, os pais, o pescador Manuel Simões e a peixeira Maria Manuel, eram naturais de Ílhavo, mas imigraram para a capital nos na sequência da decadência da faina pesqueira porque passou a região de Aveiro após o fecho do canal do que liga o rio Vouga ao mar, provocando o encerramento do porto.

Foi ordenado padre, em 1754 e influenciado pelo arcadismo e pelo iluminismo. As suas ideias liberais levaram a que fosse denunciado à Inquisição, em 22 de junho de 1778, pelo padre José Manuel de Leiva, que o acusou de «afirmações e leituras heréticas proibidas». Disfarçado de vendedor, conseguiu fugir de Portugal e exilar-se em Paris, onde chegou a 15 de agosto desse ano. Na capital francesa conheceu, entre outros, o poeta Alphonse de Lamartine.

A vida em Paris foi difícil, e teve que traduzir obras francesas para subsistir. As suas poesias foram publicadas, ainda em sua vida, em Paris, entre 1817 e 1819. Só depois da sua morte, as suas obras seriam publicadas em Lisboa, entre 1836 e 1840. Em 1843 os seus restos mortais foram transladados para Lisboa, onde se encontra sepultado, no cemitério do Alto de São João.

Sua influência é vasta e se deu de forma mais direta no Pré-Romantismo, sobre autores como Almeida Garrett. Tal influência aparece sob a denominação de "filintismo". Foi um autor único em sua visão dos clássicos, pois dava relevo ao maravilhoso e até mesmo ao fantástico, pressentindo tendências modernas em meio ao racionalismo de seu tempo. Filinto tinha simpatia pelas ideias de Rousseau, pelos ideais da Revolução Francesa e por Franklin e George Washington. A queda da Bastilha o trouxe um sentimento positivo e seu sentimento por sua nação, ao contrário, parecia frequentemente negativo, com resquícios de rancor contra a Inquisição que o exilou.

Fonte: Wikipédia.

8 comentários:

Ladybutterfly disse...

Boa noite bom amigo... Desde já peço desculpa por andar um pouco ausente do teu blog... A vida tem-me atarefado... :) Mas não esqueço de ti e do teu mágnifico blog... Beijo grande...

Unknown disse...

...e por falar em saudade, hoje estou assim como o belo, profundo e mavioso poema.
A vida pelo que venho sentindo é feita de saudade e que dilema, ser levado a eternidade vidas que conosco comportam cenas...
É assim meu amigo, estou triste, não era como a Marcia do poema, mas a Brenda, minha Brenda...

Olhinhos em verde-mel
funcinho de chocolate,
ursinha-estrela do céu
meu pensar é tua saudade...

Minha cadela poodle...

Embora triste, é um dos mais belos poemas que já li, por razão de uma despedida..

Feliz semana pra ti meu amigo

Bjs

Livinha

chica disse...

Linda e grande saudade em versos profundos...abração,ótima semana,chica

Wanderley Elian Lima disse...

Olá amigo
Um poema trágico, quase um lamento, porém um belo poema.
Tenha uma linda semana
Abração

Andri Alba disse...

Hermosos versos querido amigo Furtado. Siempre nos das a leer cosas muy interesantes. Gracias.

Un abrazo y que pases linda semana.

Andri

Everson Russo disse...

E como dói uma saudade,,,misturada a uma paisagem seca...abraços de boa semana pra ti amigo..

Valéria lima disse...

Gostei por demais. Que achado.

BeijooO*

Graça Pereira disse...

Um dos melhores poemas de Filinto Elísio, num amor extremado pela saudade do ser amado!
Já não se fazem poemas assim... adorei recordar este. Obrigada!
Bj e boa semana.
Graça