domingo, 31 de julho de 2011

As trompas.


AS TROMPAS

Se tua língua
linda, de longa
lábia se aninha
em cada lábio
lábil da minha
trompa de EUSTÁQUIO
e langue-lenga,

a minha língua
logo se vinga,
lambe o batom
sabor de ópio
de tuas trom
pás de FALÓPIO
e por lá míngua.

Nelson Ascher

Nelson Ronny Ascher (São Paulo SP 1958). Poeta, ensaísta, jornalista e tradutor. Filho de pais judeus húngaros emigrados para Israel e posteriormente para o Brasil, quando criança, mãe e avó narram-lhe contos de fadas tradicionais, enquanto o pai dedica-se ao relato de eventos históricos. A família, que cultiva já na época o hábito de frequentar as salas de cinema, mantinha uma diversificada e forte vivência cultural e o estimula para a leitura. Assim, desde muito jovem, alimenta o desejo de ser escritor. Aos 14 anos, um amigo lhe mostra o poema Datilografia, assinado pelo pseudônimo do poeta português Fernando Pessoa (1888 - 1935), Álvaro de Campos. A leitura desse poema faz com que Nelson reafirme seus anseios literários, especialmente poéticos. Em 1976, cursa por pouco mais de um semestre a graduação em medicina da Universidade de São Paulo - USP, mas a abandona, ingressando, no ano seguinte, na faculdade de administração de empresas da Fundação Getúlio Vargas - FGV, na qual se forma em 1981. Em seguida, faz mestrado em comunicação e semiótica na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo - PUC/SP. Entretanto, já no final dos anos de 1970, passa a escrever para importantes periódicos do país, como a Folha de S. Paulo, dando início a uma longa, atuante e polêmica produção jornalística. Da mesma geração de Régis Bonvicino (1955) e Paulo Leminski (1944 - 1989), além da produção poética, Ascher destaca-se pelos trabalhos tanto na área editorial, quanto da tradução.

Fonte: http://www.itaucultural.org.br/


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sexta-feira, 29 de julho de 2011

"Você mesmo".


"VOCÊ MESMO"

“Não queira ser seu vizinho, se você não tiver condições de morar ao seu próprio lado! Portanto, satisfaça-se com o que tem e procure ser você mesmo.”

R.S. Furtado


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quinta-feira, 28 de julho de 2011

Ouve, meu anjo.


OUVE, MEU ANJO

Ouve, meu anjo:
Se eu beijásse a tua pél?
Se eu beijásse a tua boca
Onde a saliva é um mél?...

Quiz afastar-se mostrando
Um sorriso desdenhoso;
Mas ai!
- A carne do assassino
É como a do virtuoso.

N'uma attitude elegante,
Mysteriosa, gentil,
Deu-me o seu corpo doirado
Que eu beijei quase febríl.

Na vidraça da janella,
A chuva, léve, tinia...

Elle apertou-me, cerrando
Os olhos para sonhar...
E eu, lentamente, morria
Como um perfume no ar!

António Botto


António Tomás Botto nasceu em Concavada no dia 17 de agosto de 1897 e faleceu no Rio de Janeiro no dia 16 de Março de 1959) foi um poeta português.

António Botto era filho de Maria Pires Agudo e de Francisco Thomaz Botto. O seu pai trabalhava como "marítimo" no rio Tejo. Em 1908 a sua família mudou-se para o bairro de Alfama em Lisboa, onde cresceu no ambiente popular e típico desse bairro, que muito influenciou a sua obra. Recebeu pouca educação formal e trabalhou em livrarias, onde travou conhecimento com muitas das personalidades literárias da época, e foi funcionário público. Em 1924-25 trabalhou em Santo António do Zaire e Luanda, na então colónia de Angola.

Homossexual assumido (apesar de ser casado com Carminda Silva), a sua obra reflecte muito da sua orientação sexual e no seu conjunto será, provavelmente, o mais distinto conjunto de poesia homoerótica de língua portuguesa. Morreu atropelado em 1959 no Brasil, para onde se tinha exilado em 1947 para fugir às perseguições homófobas de que foi vítima, na mais dolorosa miséria. Os seus restos mortais foram trasladados para o cemitério do Alto de São João, em Lisboa, em 1966.

Ficou especialmente conhecido pela sua obra que evoca o quotidiano da vida triste de Alfama e pelo canto da beleza masculina.

Fonte: http://terrasdeportugal.wikidot.com/

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Sebastião Alba.


SEBASTIÃO ALBA

O que restava do odre
Tu o bebeste

Dos veios mesmo da terra

Só um rio te contempla
zambeziando

E o mar se perde
Onde navegas

O que restava do odre

E deus
Apascentando a sua
sede

Onde te ris
Torre
E chama

Luís Carlos Patraquim


Luís Carlos Patraquim nasceu em Lourenço Marques (actual Maputo), Moçambique, em 1953. Colaborador do jornal “A Voz de Moçambique”, refugia-se na Suécia em 1973. Regressa ao país em Janeiro de 75 integrando os quadros do jornal “A Tribuna”. Membro do núcleo fundador da AIM (Agência de Informação de Moçambique) e do Instituto Nacional de Cinema (INC) onde se mantém, de 1977 a 1986, como roteirista/argumentista e redactor principal do jornal cinematográfico “Kuxa Kanema”. Criador e coordenador da “Gazeta de Artes e Letras” (1984/86) da revista “Tempo”.

Desde 1986 residente em Portugal, colabora na imprensa moçambicana e portuguesa, em roteiros para cinema e escreve para teatro. Foi consultor para a “Lusofonia” do programa “Acontece”, de Carlos Pinto Coelho e é comentador na RDP-África.

Publicou “Monção” (1980); “A Inadiável Viagem” (1985); “Vinte e tal novas formulações e uma elegia carnívora” (1992); “Mariscando Luas”, em parceria com Chichorro e Ana Mafalda Leite, (1992); “Lidemburgo Blues” (1997 e “O Osso Côncavo”, 2005. Foi distinguido com o Prémio Nacional de Poesia, Moçambique, em 1995.

Fonte: http://www.jornaldepoesia.jor.br/

terça-feira, 26 de julho de 2011

A velocidade do som e da luz.

Olavo Roemer

VELOCIDADE DO SOM E DA LUZ

1697 – Olavo Roemer, astrônomo e físico dinamarquês, nasceu em Aarhus em 1664 e faleceu em Copenhague em 1710, é o primeiro cientista do mundo que determina a velocidade do som, medindo o tempo decorrido entre a visão de uma explosão produzida na Praça de Grève e o momento em que aquela se ouviu em Chatllon. Mede também a velocidade da luz ao valor de 308.000 Kms por segundo. Esta cifra espanta os sábios modernos, pela sua precisão relativamente matemática, considerando-se a aparelhagem grosseira de que se utilizou. Forneceu, portanto, aos astrônomos uma unidade de medida para o Universo: o espaço que a luz percorre num ano é 60 X 60 X 24 X 365 X 300.000 Kms ao todo dez bilhões de quilômetros. A esta extensão dá-se o nome de Ano-Luz.

Esta velocidade é tão grande que um avião, viajando com tal rapidez, poderia dar a volta à Terra, pelo Equador, em menos de um sétimo de segundo, isto é, não muito mais do que o tempo gasto em um piscar de olhos. Outro fato importante observado nestas primeiras investigações, e que estava destinado a representar importante papel na teoria atômica, era a formação de espectro da cor do arco-íris quando um raio de luz branca passava através dum prisma triangular. A luz branca se dividia numa série de cores, que começava com vermelho numa extremidade. Transmudava-se gradualmente em alaranjado, amarelo, verde, azul, anilado e roxo. Esta experiência devia finalmente tornar-se a base do espectroscópio, instrumento indispensável ao químico e ao físico.

Nota: Este trabalho é o resultado de pesquisas realizadas pelo ilustre professor Elias Barreto, e publicado pela Enciclopédia das Grandes Invenções e Descobertas, edição de 1967, volume 2, página 187.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Tome seu café e saia.


TOME SEU CAFÉ E SAIA

a quem interessa o fracasso
do outro por que nos interessa
o fracasso ou a dor de viver
é mais forte que o abraço
(por que na despedida o beijo
só então inadiável por que
as mãos nos cabelos apenas
antes da morte os corpos se encontram)
eu lhe ofereço este cansaço
talvez você se interesse
talvez você morra de astúcia
tome seu café e saia

Marcos Siscar


Marcos Siscar nasceu em Borborema, interior de São Paulo, em 1964. Estudou literatura na Unicamp e na Universidade de Paris VIII, onde doutorou-se em literatura francesa. Seus primeiros poemas datam do início da década de 90 e viriam a formar o livro Terra Inculta, publicado apenas uma década mais tarde. Marcos Siscar é uma das personalidades mais discretas da poesia brasileira contemporânea. Começaria a publicar seus poemas apenas no fim da década/século, quando a revista Inimigo Rumor recolheu alguns de seus textos. Em 1999, a primeira surpresa, para quem acreditava que a década de 90 estava “catalogada”, viria com seu livro Não se diz, que começaria a revelar a um público mais amplo este que se tornou um dos poetas mais consistentes a surgirem no período, na opinião dos quatro editores da Modo de Usar & Co. e de muitos outros. No entanto, o alcance de seu trabalho só poderia ser sentido com mais clareza em 2003, quando é lançado o volume Metade da arte, reunindo todos os seus livros, como seu primeiro e inédito Terra Inculta, escrito entre 1990 e 1994, a coletânea Não se diz (já traduzida para o espanhol por Aníbal Cristobo e publicada na Argentina como No se dice), o pequeno livro Tome seu café e saia (2002) e o inédito Metade da arte. Desde então, surgiu O Roubo do Silêncio (2006), traduzido na França como Le Rapt du Silence (2007). Traduziu Jacques Roubaud, Michel Deguy e Tristan Corbière, entre outros. Marcos Siscar vive hoje em São José do Rio Preto.

Fonte: http://revistamododeusar.blogspot.com/

sábado, 23 de julho de 2011

Ganhos.


"GANHOS"

“Na vida a gente sempre ganha! Quando ganha, aperfeiçoa o aprendizado para ganhar mais, e quando perde, aprende o porquê da perda para não perder mais, e recuperar o que perdeu.”

R.S. Furtado

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Chuvoso maio.


CHUVOSO MAIO!

Deste lado oiço gotejar
sobre as pedras.
Som da cidade ...
Do outro via a chuva no ar.
Perpendicular, fina,
Tomava cor,
distinguia-se
contra o fundo das trepadeiras
do jardim.
No chão, quando caía,
abria círculos
nas pocinhas brilhantes,
já formadas?
Há lá coisa mais linda

que este bater de água
na outra água?
Um pingo cai
E forma uma rosa...
um movimento circular,
que se espraia.
Vem outro pingo
E nasce outra rosa...
e sempre assim!


Os nossos olhos desconsolados,
sem alegria nem tristeza,
tranquilamente
vão vendo formar-se as rosas,
brilhar
e mover-se a água...

Irene Lisboa


Irene do Céu Vieira Lisboa (1892-1958) nasceu no Casal da Murzinheira, Arruda dos Vinhos, e faleceu em Lisboa. Formou-se pela Escola Normal Primária de Lisboa e fez estudos de especialização pedagógica na Suíça, França e Bélgica, tendo contactado com Piaget, em Genebra.

Foi um dos nomes mais importantes da "escrita feminina" portuguesa do século XX. Estreou-se em 1926, com o livro de contos, 13 Contarelos a que se seguiram dois livros de poesia.

Também sob os pseudónimos de Manuel Soares e João Falco, é autora de uma vasta obra, pouco conhecida, que se reparte entre a ficção intimista e autobiográfica, a crónica, o conto (para crianças e adultos), a poesia, a pedagogia e a crítica literária.

Professora primária e pedagoga de grande mérito e activa intervenção cívica, era amiga de José Rodrigues Miguéis e foi colaboradora da Seara Nova.

A sua escrita é, por vezes, considerada como inserindo-se no "saudosismo", tendência da literatura portuguesa que radica na obra de Teixeira de Pascoaes e no grupo da Renascença Portuguesa e que se mantém relativamente à margem das correntes estéticas suas contemporâneas. No entanto, a sua sensibilidade crítico-poética é difícil de encaixar seja em géneros convencionais, seja em correntes literárias conhecidas.

De todas as escritoras suas contemporâneas, Irene Lisboa é, sem dúvida, aquela que recebeu maior reconhecimento crítico, nomeadamente de José Régio, João Gaspar Simões e Vitorino Nemésio. No entanto, a sua obra não pareceu merecer grande popularidade junto do grande público.

Mais recentemente, a memória de Irene Lisboa permanece em numerosas ruas, avenidas e pracetas com o seu nome, bem como em homenagens que lhe são frequentemente prestadas por escolas e institutos portugueses.

Fonte: http://www.mulheres-ps20.ipp.pt/

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Ninguém meu amor.


NINGUÉM MEU AMOR

Ninguém meu amor
ninguém como nós conhece o sol
Podem utilizá-lo nos espelhos
apagar com ele
os barcos de papel dos nossos lagos
podem obrigá-lo a parar
à entrada das casas mais baixas
podem ainda fazer
com que a noite gravite
hoje do mesmo lado
Mas ninguém meu amor
ninguém como nós conhece o sol
Até que o sol degole
o horizonte em que um a um
nos deitam
vendando-nos os olhos

Sebastião Alba


Dinis Albano Carneiro Gonçalves, cujo pseudónimo é Sebastião Alba (Braga, 11 de Março de 1940 - 14 de Outubro de 2000), é um ilustre escritor nacionalizado moçambicano. Pertence à jovem vaga de autores moçambicanos que vingam na literatura lusófona.

Nasceu em Braga, onde viveu durante anos. Radicou-se, juntamente com a sua família, em 1950, em terras moçambicanas e só voltou a Portugal em 1984, transladando-se novamente para a «Cidade dos Arcebispos», Braga. Mas foi em Moçambique que se formou em jornalismo, e leccionou em várias escolas, e contraiu matrimônio com uma nativa.

Publicou, em 1965, Poesias, inspirado na sua própria biografia. Um dos seus primeiros poemas foi Eu, a canção. Os seus três livros colocaram-no numa posição cimeira no ambiente cultural bracarense.

Faleceu com 60 anos, atropelado numa rodovia. deixa um bilhete dirigido ao irmão: «Se um dia encontrarem o teu irmão Dinis, o espólio será fácil de verificar: dois sapatos, a roupa do corpo e alguns papéis que a polícia não entenderá»

Poesias, Quelimane, Edição do Autor, 1965; O Ritmo do Presságio, Maputo, Livraria Académica, 1974; O Ritmo do Presságio, Lisboa, Edições 70, 1981; A Noite Dividida, Lisboa, Edições 70, 1982; A Noite Dividida,(O Ritmo do Presságio / A Noite Dividida / O Limite Diáfano), Lisboa, Assírio e Alvim, 1996; Uma Pedra Ao Lado Da Evidência, (Antologia: O Ritmo do Presságio / A Noite Dividida / O Limite Diáfano + inédito), Porto, Campo das Letras, 2000; Albas, Quasi Edições, 2003

Fonte: Wikipédia.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Invenção da Litografia.

Aloys Senefelder
 
INVENÇÃO DA LITOGRAFIA

1796 – É inventada a litografia. Seu autor é Aloys Senefelder. Nasceu em Praga em 1772. Faleceu em Munique em 1834. Era dramaturgo e artista. Muito pobre, não dispunha de recursos para publicar suas obras por meios tipográficos. Pôs-se a estudar, portanto, um meio mais econômico de imprimi-las com suas próprias mãos. Conhecera uma espécie de pedra calcária da Baviera, de que se serviu para as suas experiências. Conseguiu, com muito custo, reproduzir alguns dos seus trabalhos. Fabricou, mais tarde, uma tinta muito grossa, fruto de inúmeras pesquisas. Perseverou no seu processo e pode gravar as pedras em relevo. Tentou transpor depois uma nova dificuldade: escrever os textos ao contrário. Lutou muito e realizou seu intento, por meio da "adoção por transporte". Concebeu, enfim, a cromolitografia. Em 1819 publicou sua bela obra. Nela se encontram as bases da reprodução policrômica. Suas primeiras litografias, porém, que são preciosidades raras, conservam-se na Biblioteca de Munique.

Nota: Este trabalho é o resultado de pesquisas realizadas pelo ilustre professor Elias Barreto, e publicado pela Enciclopédia das Grandes Invenções e Descobertas, edição de 1967, volume 2, página 284.

terça-feira, 19 de julho de 2011

A velha casa.


A VELHA CASA

Havia sempre no passado
o momento de grande gargalhada.
Corríamos pela casa
como duas crianças
e sacudíamos os lençóis
com nossos corpos.
Tínhamos em comum
a admiração da lua
e um certo jeito de olhar o mundo.
E mesmo hoje no passado
em que já nos encontramos distantes
ainda corremos pela casa
desabitada.
E só.

Heitor Ferraz


Heitor Ferraz de Mello nasceu em 21/11/1964, na França e passou a infância em São José dos Campos, SP. Jornalista e poeta com mestrado em literatura brasileira (USP). Sua dissertação é sobre poesia: O Rito das calçadas - a poesia de Francisco Alvim. Iniciou no jornalismo como editor-assistente e editor-executivo do Jornal da USP; editor-assistente de Geral do Jornal da Tarde; assessor de presidência da EDUSP (editora da USP); editor-assistente da Cosac & Naify e colaborador da revista Cult. Estreou na literatura em 1996 com o volume de poemas Resumo do dia (antes chamado Couro de sapo). Depois disso, publicou mais quatro coletâneas de poesia: A mesma noite (1997); Goethe nos olhos do lagarto (2001); Hoje como ontem ao meio-dia (2002); e Pré-desperto (2004). No mesmo ano saiu Coisas imediatas (2004), uma reunião de todos os cinco títulos do autor. Conforme noticia o Jornal de Poesia, da revista Agulha “na poesia de Heitor Ferraz Mello notam-se traços marcantes de prosa. É fácil perceber que o poeta trabalha, quase sempre, sem os recursos tradicionais da poesia, como a metáfora ou esquemas sonoros como rimas e assonâncias. Também são prosaicos os assuntos: o cotidiano do homem comum dentro de casa ou no embate das cidades”.

Fonte: http://www.tirodeletra.com.br/

domingo, 17 de julho de 2011

Próximo trouxa.


PRÓXIMO TROUXA

Inexplicavelmente partiste, e nada me disseste,
E em busca de um real motivo, pensativo fiquei.
Se sempre tiveste tudo aquilo que tanto quiseste,
Daí, o porquê me pergunto: em qual parte pequei?

Aos poucos chegaste com belas juras de amor,
Com infindos afagos, beijos há todo momento.
E na minha demência, envolvido com teu ardor,
Não percebia que tudo, não passava de fingimento.

Somente agora, com esse teu vil procedimento,
Descobri à tua farsa, bem como, a tua leviandade.
Mas, antes tarde do que nunca, é o meu alento,
Pois somente tu perdeste com essa tua falsidade.

Que DEUS tenha piedade de ti, mísera mundana,
Por quereres levar esta vida de vilanagem, frouxa.
Cuidado! Porque na esquina de qualquer via urbana,
Poderás te dar mal, engasgares com o próximo trouxa.

R.S. FURTADO.

sábado, 16 de julho de 2011

A cidade bela.


A CIDADE BELA

Quanto é bela Ulisseia! E quanto é grata
Dos sete montes seus ao longe a vista!
Das altas torres, pórticos soberbos
Quanto é grande, magnífico o prospecto!

Humilde e bonançoso o flavo Tejo,
Sobre areias auríferas correndo,
As praias lhe enriquece, as plantas beija.
Quão denso bosque de cavalos pinhos
Sobre a espádua sustenta! Do Oriente
Rubins acesos, fugidas safiras,
E da opulenta América os tesouros,
Cortando os mares líquidos, trouxeram.

Nela é mais puro o ar; e o Céu se esmalta
De mais sereno azul. O Sol brilhante,
Correndo o vasto Céu, se apraz de vê-la.
E quase se suspende, e, meigo, envia
Sobre ela o raio extremo, quando acaba
A lúcida carreira, a frente de ouro
No seio esconde das cerúleas ondas.

José Agostinho de Macedo


José Agostinho de Macedo foi um poeta português, nascido a 11 de setembro de 1761, em Beja, e falecido a 2 de outubro de 1831, em Lisboa. Filho de um ourives, estudou em Lisboa com os oratorianos e professou em 1778 na Ordem dos Eremitas de Santo Agostinho, no convento da Graça em Lisboa, sendo expulso em 1792 pelo facto de os superiores o considerarem "contumaz e incorrigível". Teve um curso acidentado, uma vez que, desobedecendo às regras devido ao seu feitio atrabiliário, foi consecutivamente mudado de convento. Chegou mesmo a agredir alguns irmãos em religião e até a transpor as paredes das casas religiosas em que viveu.

Turbulento e sem escrúpulos, Macedo foi várias vezes acusado e condenado pela Justiça por desmandos e roubos. Obteve, por fim, a despensa dos votos monásticos, mas destacou-se entre os mais célebres oradores do seu tempo, alcançando os seus sermões grande notoriedade na época. 

Pregador na Corte, deitou mão das influências e proteções para atacar os seus inimigos políticos, entre os quais se salientam Bocage e Almeida Garrett a quem causou entrada no Limoeiro. Ingressou na Nova Arcádia, onde entrou em quezílias com Bocage, e veio mais tarde a pertencer à Arcádia de Roma, sob o nome de Elmiro Tagideu.

A sua atividade de satírico e panfletário começou, nesta época, a sentir-se na impiedosa sátira que dirigiu ao seu inimigo Bocage, a que este replicou com a famosa Pena de Talião na agressão em verso a Pato Moniz e na obra Os Burros, que satirizava os seus confrades.

Inicialmente, as leituras francesas tê-lo-iam contaminado das ideias do Iluminismo mas, após as invasões francesas, exercitou os seus dotes de polemista, atacando e denunciando Voltaire, Rousseau, toda a corte dos "pedreiros livres" ou jacobinos. Iniciou o seu canto à Ciência, envolvendo-a num manto teológico e absolutista e numa anglofilia, cujo símbolo máximo era Newton. As suas contradições ideológicas levaram-no a aderir à Revolução de 1820, em que participou com virulência no ataque aos liberais através de publicações soltas ou periódicas como A Besta Esfolada (1828-29), A Tripa Virada (1827), Tripa por uma vez, O Desengano (1830-31), etc.

Ex-frade de conturbada vida privada, Macedo tornou-se o execrado Procustes da Real Mesa Censória, não se limitando a eliminar as obras ou passagens adversas ao absolutismo, pois obrigava os autores a tecerem a crítica da sua obra, estampada no livro.

Na política como na literatura, José Agostinho de Macedo revelou uma fraca solidez de opiniões e uma instabilidade que ia a par de um carácter colérico, rebelde e instável. Pretenso Moderno de audaciosa novidade, o autor viveu numa época de convulsões políticas e transição literária dos árcades para o Romantismo que despontava. A sua exibição febril e sem pudor dá-lhe uma aparência de pré-romântico e o que o valoriza é quase apenas a grandeza da ambição e da conceção, uma vez que só em teoria ele antepõe a inspiração às regras.

Destaca-se ainda como introdutor da poesia naturalista, descritiva e científica entre nós, tendo-a colocado acima dos poemas épicos clássicos. Repudiou totalmente o uso da mitologia pagã e censurou o culto que os árcades, como Filinto Elísio, tinham pelos quinhentistas e atacou o gosto pelos efeitos do vocabulário e preocupações de estilo.

Fonte: Infopédia.






sexta-feira, 15 de julho de 2011

Se o meu pascador pescasse.


SE O MEU PESCADOR PESCASSE

Se o meu pescador me pescasse
pelo arpão me agarrasse os versos
um a um, sem pressa
a melhor palavra do mar...

Mas em que lugar da asa
a palavra poderia ser mais bela?
Com que cheiro? Com que sabor?
Onde seria o lugar do sol
Com que cor? Com que brilho?

E sei que hei de escolher
depressa mas devagar
a palavra mais carnuda para comer
E vou comer intensamente
Com toda forca dos meus (d)entes
na ponta dos dedos
as palavras que não me calo
E um peixe com asas
Há de nascer
E há de pescar-me no alto
o pescador
Espero

Tânia Tomé


Tânia Teresa Tomé nasceu a 11 de Novembro de 1981,na cidade de Maputo em Moçambique. Desde cedo que nutre uma paixão fulminante pelas artes, e com ela vai crescendo nos envolvimentos e interacções que vai tendo na vida artistico-cultural.

Cantora, compositora e declamadora são as outras actividades que a identificam e que vai exercendo para além da actividade profissional [Analista de Risco de Crédito no Banco]. É Licenciada em Economia e Pos-graduada em Auditoria e Controlo de Gestão pela Universidade Católica Portuguesa [Portugal, Porto].

Faz parte de uma antologia Palop, para além de participações em alguns boletins e jornais, é membro da AEMO [Associação dos Escritores Moçambicanos], e faz parte de um Movimento cultural [100 critica] composto por artistas que promovem recitais de poesia e música tradicional e acústica em Moçambique [Meu país Amado].

Participou em alguns projectos de poesia e declamação,de referênciar 'Dentro de mim outra ilha de Júlio Carrilho' com Jaime Santos [Declamador Moçambicano], e participação na Feira da Voz no Franco-Moçambicano como Juri de Declamação e actuação com Eduardo White [Poeta Moçambicano], ganhou alguns prémios de poesia, e têm 'mão' alguns projectos para o futuro presente.

Está aberta a critica construtiva, a reflexão, a opiniões variadas, e a conselhos. A vida é uma recta continua de aprendizagem, qualquer amadurecimento implica o reconhecimento de ainda necessitar de crescimento, e da consciência exacta de se ainda ser pequeno, mas não obstante ter uma tarefa enorme a cumprir: com a minha acção socio-cultural individual contribuir com o crescimento do meu País [MOÇAMBIQUE] e do mundo que me gira a volta.

'Escrevo,para que numa dimensão sem espaço e sem tempo, eu possa interagir comigo e com os outros. Promovendo cultura para todos, conscientizando pessoas, alimentando espíritos e fazendo emergir por momentos constantes e incessantes 'PRAXIS' E 'GNOSES'. Para que possa eu, ver de mim a crescer e aprender com tudo e todos os que me possam guiar. E com isso contribuir com o que tenho na alma e na mente para fazer crescer outrem, fazer crescer meu MOÇAMBIQUE, fazer crescer MUNDO'

Fonte: http://www.poetasdelmundo.com/

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Decomposição da Matéria.

Francesco Redi

DECOMPOSIÇÃO DA MATÉRIA

1668 Francesco Redi, naturalista italiano desejando provar “se a matéria em decomposição produzia formas vivas”, teoria defendida durante séculos, destruiu-a, numa só experiência, em Toscana, quando, cobrindo carnes com gaze fina e expondo-a às moscas, notou que a carne não criou bicho, porque as moscas punham ovos na gaze.

Nota: Este trabalho é o resultado de pesquisas realizadas pelo ilustre professor Elias Barreto, e publicado pela Enciclopédia das Grandes Invenções e Descobertas, edição de 1967, volume 1, página 157.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Quase soneto cheio de si.


QUASE SONETO CHEIO DE SI

ó minha amada, canto em teu louvor
como se fora nato noutras terras
mais adestradas nos bailes do amor,
em Franças, Alemanhas, Inglaterras;
canto-te assim com tal engenho e arte
que até Camões invejaria o fogo
com que me ardo, outrora degredado
entre mil musas lusas e andaluzas,
e agora regressado aos seus brasis,
ó minha ave, minha aventura
e sobretudo minha pátria amada
pra sempre idolatrada, salve, salve:
o resto é mar, silêncio ou literatura

Geraldo Carneiro


Geraldo Eduardo Carneiro nasceu em 11 de junho de 1952, em Belo Horizonte (MG). Três anos mais tarde, mudou-se para o Rio de Janeiro. Poeta, publicou "Na Busca do Sete-Estrelo" (1974, Mapa Editora), "Verão Vagabundo" (1980, Editora Achiamê), "Piquenique em Xanadu" (1988, Espaço & Tempo, Prêmio Lei Sarney de melhor livro do ano), "Pandemônio" (1993, Arte Editora), "Folias Metafísicas" (1995, Editora Relume-Dumará), "Por Mares Nunca Dantes" (2000, Editora Objetiva),"Lira dos Cinqüent’anos" (2002, Relume-Dumará) e "Como um cometa" (infantil), (2009,IBEP Nacional). Lançou, em setembro/2010, "Poesia Reunida", Ed. Biblioteca Nacional/Ed. Nova Fronteira.

Publicou ainda "Vinicius de Moraes: A Fala da Paixão" (1984, Brasiliense) e "Leblon: A Crônica dos Anos Loucos" (1996, Rioarte/Relume-Dumará). Lançou também a tradução de alguns sonetos de W. Shakespeare, na coletânea "Sonhos da Insônia" (1997, Impressões do Brasil), publicada em parceria com Carlito Azevedo.

Escreveu mais de duas centenas de letras para músicas de Egberto Gismonti, Astor Piazzolla, Francis Hime, Wagner Tiso e outros, gravadas por diversos intérpretes, entre os quais os acima mencionados e mais Tom Jobim, Ney Matogrosso, Gal Costa, Olivia Byington, Miúcha, Fafá de Belém, Gal Costa, Lenine, Zé Renato, Zezé Motta, Vinicius de Moraes e Michel Legrand.

Foi traduzido, radiofonizado e publicado em francês, inglês, espanhol e italiano. Também com Francis Hime, escreveu poemas para a cantata "Carnavais", executada em 1988, e para a "Sinfonia do Rio de Janeiro de São Sebastião", encomendada pelo Governo do Estado, que estreou em 2000, no Teatro Municipal.

Escreveu artigos, poemas e ensaios para a maior parte das publicações brasileiras. Teve diversos textos teatrais encenados, originais e traduções, entre os quais "A Tempestade" e "As You Like It", ambas de William Shakespeare (encenadas em 1982 e 1985, sendo a primeira publicada pela Relume-Dumará), "A Bandeira dos Cinco Mil Réis" (encenada em 1986, publicada em 1992), "Manu Çaruê" (ópera performática com música de Wagner Tiso, encenada em 1988). Escreveu roteiros de cinema, minisséries e participou da criação do programa "Você Decide", do qual foi supervisor de texto. Adaptou diversas obras literárias para a TV, entre as quais a minissérie "O Sorriso do Lagarto", de João Ubaldo Ribeiro, e especiais para as séries "Brasil Especial" e "Brava Gente".

O poema acima foi extraído do livro "Lira dos cinqüent'anos", Relume-Dumará - Rio de Janeiro, 2002, pg. 86.

Fonte: http://www.releituras.com/

segunda-feira, 11 de julho de 2011

"Dignidade".


"DIGNIDADE"

“Uma forma perfeita de gerirmos as nossas atitudes, com certeza evitará o caminho da degenerescência e nos levará ao caminho do bem, da moral e da dignidade.”

R.S. Furtado

domingo, 10 de julho de 2011

À sua velhice.


À SUA VELHICE

Meu corpo assaz tem sido espicaçado
Com buídos punhais, por mão da Morte,
Que arrebatado tem, da minha corte,
Grande rancho de quanto tenho amado.

Não me poupa a cruel no triste estado
Do caduco viver da minha Sorte:
Quando era vigoroso, moço forte,
Suportava com mais valor meu Fado.

Então as minhas ásperas feridas
Não tinham para mim tardias curas,
Porque o Tempo receitas tem, sabidas.

Mas velho e c'o vapor das sepulturas,
Como posso curar as desabridas
Chagas, das minhas novas amarguras?

Francisco Joaquim Bingre


Francisco Joaquim Bingre, poeta arcádico e pré-romântico português, nasceu em Canelas, Estarreja no dia 9 de julho de 1763, filho de Manuel Fernandes natural da mesma freguesia e de Ana Maria Clara Hebinger, natural de Viena de Áustria. Famoso em vida na sociedade portuguesa, veio a ser quase olvidado nos séculos seguintes.

Embora nascido em Canelas, cedo rumaram os seus pais a Lisboa a fim de participar nos negócios de seus parentes alemães ali instalados. Na capital realizou os seus estudos, durante os quais ficou patente a sua preferência por temas literários e o seu pouco apreço por temas técnicos e económicos. Dedicou a melhor parte das suas energias de juventude às tertúlias com a sociedade literata do seu tempo, em prejuízo da gestão dos negócios familiares. Dotado de uma capacidade de improvisão notável, facilmente se excedia não havendo naquele tempo outeiro, serenata ou função para que não fosse convidado na companhia de Manuel Maria Barbosa du Bocage e outros poetas da Nova Arcádia. Despendeu a segunda metade da sua longa vida na vila de Mira, no distrito de Coimbra, entre 1801 e 1834. Aí exerceu as funções de escrivão do Juízo, câmara e tabelião. Morreu aos 93 anos no dia 26 de Março de 1865, famoso entre os seus contemporâneos letrados, mas afligido por grandes dificuldades económicas. Encontra-se sepultado no jazigo mirense dos Bingre do Amaral, seus descendentes directos.

Fonte: Wikipédia.

sábado, 9 de julho de 2011

O garoto corria corria...


O GAROTO CORRIA CORRIA...

O garoto corria corria
não podia saber
da diferença entre as flores.
O garoto corria corria
não podia saber
que na sua terra há
morangos doces e perfumados,
o garoto corria corria
fugia.

Ninguém lhe pegou ao colo
ninguém lhe parou a morte.

Maria Alexandre Dáskalos


Maria Alexandre Dáskalos nasceu em Angola, em 1957. Poetisa, é uma impressiva voz feminina da poesia angolana contemporânea.

Em 1991 publicou em Luanda (Ler & Escrever) «O Jardim das Delícias». Sobre esta obra tece David Mestre no «Jornal de Letras, Artes e Ideias» (edição de 19 de Outubro de 1993) o seguinte comentário: «Com «Jardim das Delícias», título de estreia de M. A. D., pode a poesia angolana regozijar-se de abrir a presente década com uma nova voz ao nível do nosso melhor cancioneiro. Tanto pelo tom helénico que a percorre como pela estratégia iniciática que a determina, encontra lugar cativo na mais escolhida vertente da lírica local.»

Fonte: www.lusobraz.com

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Primeiro Correio público.


PRIMEIRO CORREIO PÚBLICO

1635 – Inaugura-se o primeiro correio público entre Londres e Edinburgo. O sistema postal britânico é iniciado realmente quando Edmund Prideaux, membro da Câmara dos Comuns, é escolhido para seu diretor. O correio particular já era conhecido e utilizado em vários países, podendo-se mesmo fazê-lo remontar no tempo às mais antigas civilizações. Pode-se, porém, afirmar que o Correio foi instituído entre os ingleses e americanos na primeira metade do século XVII. Em 1639, Massachusetts, sob a direção do general Court, em 1657 na Virgínia, em 1672 o serviço postal entre Nova Iorque e Bóston. O uso dos selos foi instituído na Inglaterra, por sugestão de Sir Rowland Hill, sendo também adotado pelos Estados Unidos. Na Primeira Guerra Mundial a necessidade de um correio rápido deu nascimento ao correio aéreo e em 1926 começam a funcionar as primeiras companhias particulares de correio aéreo.

Nota: Este trabalho é o resultado de pesquisas realizadas pelo ilustre professor Elias Barreto, e publicado pela Enciclopédia das Grandes Invenções e Descobertas, edição de 1967, volume 1, página 148.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

As mãos de DEUS.


AS MÃOS DE DEUS

Morreu na explosão
Me deixou sozinha
Chovia fazia sol
a gente sempre em casa
As pessoas comentavam
Que vida mais gostosinha
a de vocês
Dei sim, dei tudo
só para ele
Hoje, por grana,
pra todos)
Não roubo, não mato
mesmo assim me pergunto
se não faço algo de
errado

Francisco Alvim

Francisco Soares Alvim Neto (Araxá MG 1938). Poeta e diplomata. Filho do advogado Fausto Figueira Soares Alvim e de Mercedes Costa Cruz Alvim. Ainda adolescente começa a escrever poemas, estimulado pela irmã, também poeta, Maria Ângela Alvim (1926-1959). Em 1953 muda-se para o Rio de Janeiro. Em 1963 interrompe o curso na Faculdade de Direito do Distrito Federal e entra para o Instituto Rio Branco, onde se forma no ano seguinte. Em 1965 inicia a carreira diplomática e três anos depois publica seu primeiro livro, Sol dos Cegos, em edição artesanal. Após um longo período em Paris, em 1974, volta ao Rio de Janeiro e integra-se ao grupo Frenesi, que constitui a primeira leva dos chamados "poetas marginais": Roberto Schwarz (1938), Cacaso (1944–1987), Antônio Carlos de Brito (1944–1987), Chacal (1951), Ricardo de Carvalho Duarte (1951) e Geraldo Carneiro (1952). Só mais tarde, em 1981, reúne seus primeiros livros no volume Passatempo e Outros Poemas, editado pela Brasiliense, na série Cantadas Literárias. Depois de um silêncio de 12 anos, lança Elefante. Seu verso conciso revela a grande tensão social que permeia o dia a dia das pessoas.

Fonte: http://www.itaucultural.org.br/

terça-feira, 5 de julho de 2011

"Saudades".


"SAUDADES"

“Quando a pessoa sente saudades de algo, é porque em algum momento da vida já foi feliz. Pior é aquele que não tem o porquê, ou por quem sentir saudades.”

R.S. Furtado

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Saudade extrema.


SAUDADE EXTREMA

Gentil Rola, que sobre o ramo seco,
Desse viúvo freixo, brandas queixas
Espalhas toda a noite, e escutas o eco
Repetir-te mavioso iguais endechas:

Não chores. Ouve a meu saudoso canto,
Que excede quanta mágoa arroja a sorte:
Ninguém, como eu padece extremo tanto,
Que a ninguém roubou tanto a crua Morte,

Tu viste Márcia: a Márcia, oh Rola, ouviste,
Quanta beleza, oh Céus! quanta doçura!
Tem coração de bronze quem resiste
À dor de a ver no horror da sepultura.

Tu podes ter formosa companhia
Terna e fiel. Filinto desgraçado
Te perdeu a sperança lisonjeira
De achar Márcia em transunto inanimado.

Filinto Elísio


Filinto Elísio nasceu em Lisboa, no dia 23 de dezembro de 1734 e faleceu em Paris, no dia 25 de fevereiro de 1819, foi um poeta e tradutor, português do Neoclassicismo. O seu verdadeiro nome é Francisco Manuel do Nascimento, e foi sacerdote. O seu pseudônimo, Filinto Elísio, ou também Niceno, foi-lhe atribuído pela Marquesa de Alorna ( a quem ensinou latim quando se encontrava reclusa no Convento de Chelas), dado Francisco Manuel do Nascimento ter pertencido a uma sociedade literária – Grupo da Ribeira da Naus -, cujos membros adaptavam nomes simbólicos. De origens humildes, os pais, o pescador Manuel Simões e a peixeira Maria Manuel, eram naturais de Ílhavo, mas imigraram para a capital nos na sequência da decadência da faina pesqueira porque passou a região de Aveiro após o fecho do canal do que liga o rio Vouga ao mar, provocando o encerramento do porto.

Foi ordenado padre, em 1754 e influenciado pelo arcadismo e pelo iluminismo. As suas ideias liberais levaram a que fosse denunciado à Inquisição, em 22 de junho de 1778, pelo padre José Manuel de Leiva, que o acusou de «afirmações e leituras heréticas proibidas». Disfarçado de vendedor, conseguiu fugir de Portugal e exilar-se em Paris, onde chegou a 15 de agosto desse ano. Na capital francesa conheceu, entre outros, o poeta Alphonse de Lamartine.

A vida em Paris foi difícil, e teve que traduzir obras francesas para subsistir. As suas poesias foram publicadas, ainda em sua vida, em Paris, entre 1817 e 1819. Só depois da sua morte, as suas obras seriam publicadas em Lisboa, entre 1836 e 1840. Em 1843 os seus restos mortais foram transladados para Lisboa, onde se encontra sepultado, no cemitério do Alto de São João.

Sua influência é vasta e se deu de forma mais direta no Pré-Romantismo, sobre autores como Almeida Garrett. Tal influência aparece sob a denominação de "filintismo". Foi um autor único em sua visão dos clássicos, pois dava relevo ao maravilhoso e até mesmo ao fantástico, pressentindo tendências modernas em meio ao racionalismo de seu tempo. Filinto tinha simpatia pelas ideias de Rousseau, pelos ideais da Revolução Francesa e por Franklin e George Washington. A queda da Bastilha o trouxe um sentimento positivo e seu sentimento por sua nação, ao contrário, parecia frequentemente negativo, com resquícios de rancor contra a Inquisição que o exilou.

Fonte: Wikipédia.

domingo, 3 de julho de 2011

Posteridade.


POSTERIDADE

Um dia eu, que passei metade
da vida voando como passageiro,
tomarei lugar na carlinga
de um monomotor ligeiro
e subirei alto, bem alto,
até desaparecer para além
da última nuvem. Os jornais dirão:
Cansado da terra poeta
fugiu para o céu. E não
voltarei de facto. Serei lembrado
instantes por minha família,
meus amigos, alguma mulher
que amei verdadeiramente
e meus trinta leitores. Então
meu nome começará aparecendo
nas selectas e, para tédio
de mestres e meninos, far-se-ão
edições escolares de meus livros.
Nessa altura estarei esquecido.

Rui Knopfli


Rui Knopfli nasceu em Inhambane, em 1932 e viveu em Moçambique até 1975. Foi delegado de propaganda médica, poeta, crítico literário e de cinema. Opositor do regime colonialista, colaborou activamente na imprensa independente, casos de A Tribuna e A Voz de Moçambique. Lançou, com João Pedro Grabato Dias, os cadernos de poesia Caliban (1971-72), que reuniram colaboradores como Jorge de Sena, Herberto Helder, António Ramos Rosa, Fernando Assis Pacheco, José Craveirinha e Sebastião Alba. Dirigiu o caderno Letras & Artes (1972-75), da revista Tempo. Traduziu e publicou poetas como T. S. Eliot, Blake, Sylvia Plath, Kavafis, Dylan Thomas, Yeats, Robert Lowell, Pound, René Char, Apollinaire, Octavio Paz e Reverdy. Demite-se do jornal A Tribuna , por objecções de natureza ética, e deixa Moçambique em Março de 1975. Em Julho do mesmo ano radica-se em Londres onde exerceu o cargo de conselheiro de imprensa (1975-97) junto da Embaixada de Portugal na capital britânica. Em 1984 recebeu o prémio de poesia do PEN Clube. Em Portugal tem colaboração dispersa no JL e nas revistas Colóquio-Letras e Ler. Encontra-se representado em algumas antologias, designadamente em Contemporary Portuguese Poetry (Manchester, 1978) e no The Penguin Book of Southern African Verse (Londres, 1989).. Em Bruxelas foi publicado Le Pays des Autres (1995), volume que colige os três primeiros livros. A sua obra é fortemente influenciada pelas suas vivências europeias e africanas, revelando uma forte originalidade e um tom eminentemente coloquial. Morreu em Lisboa em 1998. Em 2003, a empresa nacional casa da moeda, publicou uma antologia dos seus poemas, intitulada “Obra Poética”.

Fonte: http://poeticia.blogspot.com/

sábado, 2 de julho de 2011

Continente Americano.



CONTINENTE AMERICANO

1507 – (30 de abril) Nasce o nome América para designar o Novo Continente. Resulta dum dos maiores erros da História do mundo. E foi assim: em fins de abril de 1507 o geógrafo Martin Waldsmueller, originário de Freiburg (Alemanha), deu à publicidade sua obra Introdução à Cosmografia. O autor dedicou uma grande parte do seu trabalho às descobertas realizadas a oeste da Europa, onde audazes exploradores, entre eles Cristóvão Colombo, haviam posto o pé, depois de muitas semanas de navegação, em uma costa que acreditavam ser a Índia, porém, que logo se comprovou tratar-se dum Novo Continente. Waldsmueller utilizou-se, como elemento de consulta, de uma informação do navegante florentino Américo Vespúcio, que fez mais tarde uma viagem ao Novo Mundo, traçando alguns mapas do Novo Continente. Nunca se chegou a saber se Waldsmueller acreditava ser o próprio Vespúcio o descobridor ou se, como cartógrafo, procurava, simplesmente, render homenagem a um colega. O resultado foi, finalmente, que aquele homem de ciência, alemão, deu às novas terras o nome de “O país de Américo” em seu texto e no mapa que o ilustrou. Dessa forma é que nasceu, nesse mês de abril de 1507, o nome de América para designar o Novo Continente.

Nota: Este trabalho é o resultado de pesquisas realizadas pelo ilustre professor Elias Barreto, e publicado pela Enciclopédia das Grandes Invenções e Descobertas, edição de 1967, volume 1, páginas 109/110.