A SOCIEDADE E O TERROR
Sabemos que há vários tipos de medo. Uns com existências visíveis, outros não. Há alguns, às vezes como sequelas, em sutis e profundas manifestações psicológicas. Esses, em latentes vibrações, são um tormento para algumas pessoas. Quem é vítima desse sofrimento, torna-se infeliz possuidor do medo implantado insidiosamente em sua consciência. Após a real ocorrência, difícil é se livrar do constante assédio psicológico das vividas cenas de horror. Talvez, os piores medos sejam os reais, de conseqüências físicas e morais. Especialmente aqueles que deixam as pessoas com o maior sentimento de pavor, como se algo parecido pudesse acontecer a qualquer momento. Dentro de si vibra uma constante sensação de pavor, como um sinal de permanente alerta. O temor que mais atormenta o brasileiro, acentuadamente nos grandes centros urbanos, é o de ser assaltado ou sequestrado. Infelizmente, isso já está acontecendo em cidades de porte médio e em algumas menores.
A impunidade está incentivando e generalizando a tal ponto (ou além) que, em alguns casos, ser assaltante, traficante de drogas, sequestrador ou agenciador da prostituição infantil, é uma rendosa profissão, tendo por base, pessoas muito bem preparadas para o crime. Em alguns casos, num verdadeiro contra senso, há maus policiais que se envolvem com assaltos, drogas, prostituição e sequestro. Esses péssimos elementos vivem em ações paralelas, numa dualidade de procedimentos que contrariam o bom senso e fere a dignidade humana. Eles são policiais transvertidos de bandidos que usam de suas prerrogativas, fardas e armas, em sentido contrário as suas normais e obrigações. O nosso povo, através de impostos altíssimos, sofridamente paga por sua segurança e, em troca, recebe criminosas agressões. Essa imoral verdade, uma anomalia em nosso contexto social, precisa o mais rápido possível, ser totalmente eliminada. Os culpados devem ser julgados e, através de rigoroso processo judicial, condenados as penalidades que merecem.
A maioria desses crimes, com todos os requintes de perversidades, tem um fortíssimo ingrediente: as drogas. Nas atormentadoras cenas dos audaciosos crimes, há, sem dúvida, os psicotrópicos e alucinógenos de última geração. Sem o uso das drogas, esses bandidos, alguns adultos, outros ainda crianças, não seriam tão audaciosos, sanguinários e brutais assassinos. Por trás dessas violentas ações estão os traficantes de drogas muito bem organizados. Esse mau comportamento só será erradicado, no Brasil, e neste planeta, quando as drogas estiverem sob controle – servindo a objetivos edificantes. O lado positivo das drogas deve servir a outros propósitos mais elevados, com aplicações na área médica, etc. Pesquisas sérias deverão ser feitas, alcançando as suas reais e positivas finalidades.
A tranquilidade plena do ser humano é algo quase impossível de existir, de se conseguir, de se viver. Mas, quando se quer verdadeiramente, nada é totalmente impossível. Autodirecionando-se firmemente a fim de alcançar o que se deseja, é possível atingirmos as nossas metas. Evidentemente, com a adoção inabalável de métodos adequados de combate as drogas, a prostituição infantil, aos assaltos e aos sequestros, poderemos conseguir a tranquilidade necessária. Antes que isso aconteça realmente, a nossa sociedade é a maior de todas as vitimas. Diante da escalada da violência e da perpetração de hediondos crimes, as instituições formadoras de opinião precisam dar a sua direta e irrestrita contribuição a fim de serem erradicadas essas atrocidades. Essas instituições, de todos os posicionamentos ideológicos e religiosos, precisam se envolver no sentido de que os problemas, aqui mencionados, sejam resolvidos. Se isso fosse feito com rigor, num futuro próximo os caminhos das drogas, da prostituição infantil, dos assaltos, dos sequestros e dos crimes mais nefandos, seriam bem mais estreitos. E, certamente, um dia, esses caminhos estariam extintos.
Otacílio Negreiros Pimenta
In Memorian