domingo, 20 de fevereiro de 2011

Picada de marimbondo.


PICADA DE MARIMBONDO

(Para o Pila – companheiro de infância)

Junto da mandioqueira
perto do muro de adobe
vi surgir um marimbondo

Vinha zunindo
cazuza!
Vinha zunindo
cazuza!

Era uma tarde em Janeiro
tinha flores nas acácias
tinha abelhas nos jardins
e vento nas casuarinas,
quando vi o marimbondo
vinha voando e zunindo
vinha zunindo e voando!

Cazuza!
Marimbondo
mordeu tua filha no olho!

Cazuza!
Marimbondo
foi branco que inventou...

Ernesto Lara Filho


Ernesto Pires Barreto Lara Filho nasceu em Benguela em 1922 e faleceu no Huambo em 1977 num acidente de aviação. Fez os seus estudos (primários e secundários) na cidade de Benguela, tendo-se formado, mais tarde, na Escola Nacional de Agricultura de Coimbra, no curso de Regente Agrícola, em 1952. A nível político, foi membro do Partido FUA (Frente Unidade de Angola), tendo, devido a isso, sido preso pela PIDE. Foi jornalista, poeta e cronista, tendo contribuído com produções suas para vários jornais e revistas e, juntamente, com Inácio Rebelo de Andrade, dirigido a "Colecção Bailundo" onde se publicaram três livros de poesia.

Foi co-fundador, em 1975, da União dos Escritores Angolanos, em Luanda. É considerado por certos críticos como "'Escritor maldito', pela sua postura de boémio e por contradizer o status quo e o bom gosto da "elite intelectual", da época (e não só). Mesmo depois da independência nacional Ernesto Lara Filho nunca abandonou o seu espírito inconformista, individualista, humorista e a obsessiva apologia à marginalidade que constituem imagens de marca da sua poesia e dos seus ensaios. Figura em diversas antologias, nomeadamente, Antologia de Poesia Angolana (1957), Poetas Angolanos (1959), Poetas Angolanos (1962), O Corpo da Pátria - Antologia Poética da Guerra do Ultramar, 1961-1971 (1971), Presença de Idealeda (1973), Angolana (1974), Poesia Angolana de Revolta (1975), Antologia da Poesia Pré-Angolana (1976), No Reino de Caliban. Antologia Panorâmica da Poesia Africana de Expressão Portuguesa (1976), Poesia de Angola (1976). As suas obras publicadas são: Picada de Marimbondo (1961), O Canto do Martrindinde e Outros Poemas Feitos no Puto (1964), Seripipi na Gaiola (1970), O Canto do Martrindinde (1974, 1989), Crónicas da Roda Gigante (1990).

Fonte: http://www.ovimbundu.org

10 comentários:

Unknown disse...

A lua nova a se renovar
e o céu infinito a cintilar,
olho bem alto e choro a dor
do tempo que carregou o nosso amor.

AMARILIS PAZINI AIRES

Feliz Domingo...Beijos no coração/M@ria

Unknown disse...

Danado esse marimbondo
que mordeu a filha de cazuza,
é justo, logo no olho
numa tarde já tão cedo, assim
desnuda...

Muti bom meu amigo
gostei demais desse marimbondo...

Feliz domingo pra ti

Bjs

Livinha

Hana disse...

Olá amigo maravilhoso, minha falta de tempo me diexa tão feliz, rss, mas ao mesmo tempo, fico trsite por não poder dar total atenção aos amigos do blog, mas hoje vim te deixar um abbraçãooo de urso bem grandãooo te admiro muito vc sabe disso!!!mil beijos

Misturação - Ana Karla disse...

Uma grande partilha Rosemildo.
Passei pra desejar um bom domingo.
Xeros

chica disse...

Essa picada de marimbondo ficou linda e nem doeu...Lindo domingo e nova semana,abraçs,chica

Everson Russo disse...

Marimbondo mau esse...abraços de boa semana pra ti amigo.

Magia da Inês disse...

Amigo... essa graciosa poesia me fez lembrar a roça da minha tia...
Tinha marimbondos no pé de manga maranhão...
Bom domingo!
.♫♫°°º
°º♫ Minas ღ°º
♥°º
.•♥¸.•´•

Victoria disse...

Que graciosa poesia nos has regalado amigo mio
Perdí tus pasos y me alegro de encontrarlo nuevamente para seguir leyendote y seguir los pasos de tu creatividad.Con cariño desde España Victoria

Lou Witt disse...

Beijo e uma linda semana, amigo querido!!!

AFRICA EM POESIA disse...

Gostei do que li...






Deixo...

ALMA



Ter alma é ter vidas
Ter alma é sentir vida
Sentir Amor
Sentir o bater do coração


E ao sentir...
A vida...
O amor...
E o bater do coração...


Temos a certeza
Que a vida existe
E a alma está viva
Alma que não vê
Mas que sentimos...


E sabemos que realmente
Ao ter alma
Temos mesmo vida
E devemos arriscar
Para sermos felizes...


LILI LARANJO