CREPUSCULAR
Esta nossa paixão já desmedida,
Refletem nossos olhos que se falam.
Já são de outono as flores que na vida,
Nós colhemos, mas não se despetalam.
Tu sentes a tua alma estremecida,
Aos sonhos desventuras que te embalam.
E me sendo a ventura apetecida,
Os meus sonhos aos teus então se igualam.
Com teu meigo sorriso e terno olhar;
Tu me impeles a amar-te ardentemente,
Mesmo sendo um amor crepuscular.
Se de amor para nós um ninho teces,
Embora eu seja um sol já no poente,
Posso dar-te amor, os beijos que mereces.
R.S. Furtado