segunda-feira, 23 de outubro de 2017

Um ex-campeão.


UM EX-CAMPEÃO

Sentado numa ponta de calçada,
Um velhote que em tempos que lá vão.
Da conquista foi forte campeão,
Contempla com espanto a pequenada.

Que ali passa, exubera e desafia,
Mas o velhote apenas se arrepia.

Que tentação tremendamente roxa,
Como era no seu tempo diferente!
Por mais audaz que fosse o insolente,
Não via perna, e muito pior vê coxa.

Com a delícia da saia joelho acima,
Ele se agita, mas já não se anima.

Recorda a sua mocidade ardente,
Que dele, a muito, está distanciada.
Busca então seu torrado lentamente,
E, por desforra, cheira uma pitada.

R.S. Furtado.

14 comentários:

chica disse...

Triste e tão lindos versos ,Rosemildo! Bela e profunda tua poesia...As coisas perdem o sentido... abraços praianos,chica

Elvira Carvalho disse...

A velhice pode ser triste e amarga, amigo.
Abraço

Francisco Manuel Carrajola Oliveira disse...

Um belo poema sobre o Inverno da vida.
Gostei amigo Rosemildo.
Um abraço e boa semana.

Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
O prazer dos livros

María disse...

Nostálgicos versos pero muy bellos, te felicito por ellos.

Besos.

Smareis disse...

Boa tarde Furtado!
Muito lindo o poema, triste mais é uma realidade.
Boa semana!
Abração!

A Casa Madeira disse...

E existe tantos exs campeões por essas esquinas da vida...
Boa entrada de semana.
Abraços.

Maria Rodrigues disse...

Quanta dor e solidão pode trazer o envelhecer.
Profundo e belo poema
Um abraço
Maria de
Divagar Sobre Tudo um Pouco

CÉU disse...

Um poema triste, mas o "homi", mesmo velho ainda se agita, qdo vê coxa, portanto, nem tudo está perdido (rs).
A mocidade já passou há muito e decerto que durante essa fase, ele talvez tenha "pintado o sete".

O que significa torrado, aí? Aqui, é algo que está tostadinho e por vezes, um pouco queimado.

Beijos e boa semana.

Tais Luso de Carvalho disse...

Não nego que envelhecer dói, por vezes desanima, mas temos uma capacidade de ir nos adaptando lentamente, como vem a velhice, lenta, vai levando a generosidade da juventude, mas dá pra ir se acomodando, diminuindo a marcha de tudo. E chega um momento que até queremos dizer: basta. Quero poder levar e dizer meu basta lá pelos 100 anos!
Beijo, amigo!

Ana Bailune disse...

Tudo passa... tudo cai...

Zilani Célia disse...

OI ROSEMILDO!
A JUVENTUDE PASSA, MAS, DEIXA LEMBRANÇAS.
ABRÇS AMIGO
http://zilanicelia.blogspot.com.br/

Jaime Portela disse...

A velhice pode ser bem dolorosa.
Não há melhor forma de envelhecer do que manter a juventude até ao fim, ainda que seja apenas mental.
Magnífico poema, gostei imenso.
Bom fim de semana, caro Furtado.
Um abraço.

SOL da Esteva disse...

Velho, mesmo velho, é Homem que sente. O que a Vida lhe dá pode ser miserável, mas dentro de si "ainda se sente campeão".



Abraço
SOL

Clau disse...

Boa tarde Furtado,
Um poema que faz uma leitura
tão real.
Há muitos nessa situação:
outrora foram campeões da conquista
e hoje vivem na solidão...
Bjs!