Rua
(TRAIRI)
Nos
cubos desse sal que me encarcera
(Pedras,
silêncios, picaretas, luas,
anoitecidos
braços na paisagem)
a
duna antiga faz-se pavimento.
Meu
chão se muda em novos alicerces,
sob
as pedreiras rasgam-se meus passos;
e a
velha grama (pasto de lirismos)
afoga-se
nos sulcos das enxadas,
nas
ânsias do caminho vertical.
Ao
sono das areias abandonam-
se
nesta rua vividos fantasmas.
De
seus rios meninos que descalços
apascentavam
lamas e enxurradas.
Meu
chão de agora: a rua está calçada.
Zila
Mamede
Zila da Costa Mamede nasceu em setembro de 1928 em Nova Palmeira,
pequena cidade localizada no interior da Paraíba. Na infância,
costumava passar as férias no sítio do avô, de modo que a
ambientação rural teve um papél decisivo para a formação
cultural da autora. Ainda criança, mudou-se com a família para
Currais Novos (RN), cidade onde o pai iria trabalhar como mecânico
de equipamentos agrículas. Com o intúito de alcançar melhores
condições de vida, a família Mamede mudou-se para a capital do
estado. Depois de se instalar definitivamente em Natal, a agitada
ambientação urbana... Leia mais aqui:
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5 comentários:
Linda expressão dessa mudança na vida e da dita urbanidade. Gostei de ler! Transformações... abração, lindo domingo,chica
Uma excelente visão poética da transformação da natureza em cimento armado.
Não conhecia nada da poeta e gostei imenso deste poema.
Um bom domingo e uma boa semana.
Abraço.
Não conhecia a poetisa, nem tampouco o poema, de que gostei muito.
Rosemildo, tenha um bom domingo com os seus.
Abraço,
Renata
Com as picaretas na mão!
na construção os homens trabalhavam
no tempo da cruel repressão
pediam pão, porrada levavam.
Não haviam e não há, máquinas,
como o homem tão perfeitas
com picaretas rompiam azinhagas
construíam estradas bem feitas!
Um abraço e resto de bom domingo.
Um soneto tão atual! Eu adorei! bjs e boa semana,
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