INSTÂNCIA
Quem
volta ao lugar perdido
quer
ver o tempo.
Não
vê a casa, o muro, o degrau mais fino:
quer
no bater do coração antigo.
Espanta
a resistência daquela árvore,
a
mesma e outra nesta floração.
Espanta
a cor fiel dos azulejos,
a
penumbra e o tom daquele quarto
desenhados
na pauta de outros olhos.
Quem
retorna não mora no outro tempo,
embora
imite o rosto ancestral.
Quem
retorna medita. Não cruza o corredor
como
planava a mosca distraída.
Pode-se
sentar na escada, prover os olhos
com
a massa do cenário inocente.
Livre-se
o coração para a verdade
desta
árvore em gala de outro amor.
Alcides
Villaça
Alcides Villaça
(Atibaia SP, 1946) recebeu, em 1967, Menção Honrosa no Concurso
Governador do Estado, categoria poesia. Na época, teve poemas
publicados no jornal Diário do Povo, de Campinas. Em 1971, formou-se
em Letras na Universidade de São Paulo, onde passaria a lecionar
Literatura Brasileira a partir de 1973. Seu primeiro livro de poesia,
O Tempo e Outros Remorsos, foi lançado em 1975, com recital do ator
Antonio Fagundes, no Masp. Nos anos de 1970 e 1980 dedicou-se à
pesquisa e ao ensino universitário; em 1984, tornou-se Doutor em
Letras pela Universidade de São Paulo, com a tese A Poesia de
Ferreira Gullar. Em 1988 publicou a obra poética Viagem de Trem.
Tornou-se Livre Docente pela USP, em 1999, com a tese Lendo Poetas
Brasileiros. Vem colaborando em vários periódicos como resenhista e
ensaista literário, entre os quais Folha de S. Paulo e Cadernos de
Literatura Brasileira. A poesia de Villaça é influenciada por
Carlos Drummond de Andrade, João Cabral de Melo Neto, Manuel
Bandeira. O crítico João Luiz Lafetá afirmou, ao analisar Viagem
de Trem: “seu verso é ágil, seu ritmo é vário, suas imagens são
quase sempre desconcertantes”.
Fonte:
http://www.astormentas.com
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4 comentários:
Olá Furtado
Quem volta ao tempo
de fato,
nada ver em sua volta
perdido fica distante
como se fechada a porta...
Sempre belíssimos poemas
o que admiro muito...
Beijinhos e feliz fim de semana
Voltar ao tempo é bom, mas saber retornar qo presente, preciso! abração, lindo fds! chica
Voltamos a lugares por onde já passamos, mas o tempo é outro e nossas memórias, por mais fortes que sejam, não são capazes de recriar sentimentos.
Muito belo o poema e o autor merece aplausos. Abraço.
BOA NOITE MEU MAIS QUE QUERIDO AMIGO !
ESTAVA A LER O TEXTO E REFLETIR EM ALGUMAS COISAS.O POEMA É FENOMENAL E ATRAENTE...
BJS DE FINAL DE SEMANA !
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