quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Canção de guerra.


CANÇÃO DE GUERRA

O covarde ficou
voltou para trás
agiu de acordo com a mãe.
De nós porém
bravos homens
muitos morreram
porque lutaram.

(chora a hiena
chora
a hiena chora)

O nosso camarada jaz no chão
não dormirá conosco.
Ali o deixamos
pernas e pés na berma da estrada
a cabeça tombada
no meio da rama.

Soldados de Nekanda
conquistadores de gado para Hayvinga
filho de Nasitai:
somos rivais em casa
pelas mulheres.
Na guerra, na floresta
somos da mesma mãe.

Ruy Duarte de Carvalho


Ruy Duarte de Carvalho (Santarém, 1941 – Swakopmund, 2010) foi escritor, cineasta e antropólogo angolano.

Português, naturalizou-se angolano na década de 1980. Era doutor em Antropologia, pela École des Hautes Études en Sciences Sociales, em Paris. É autor de Vou lá visitar pastores (1999), sobre os Kuvale, sociedade pastoril do sudoeste de Angola. Na poesia, salienta Chão de Oferta (1972), A Decisão da Idade (1976), Observação Directa (2000), entre outros, tendo reunido em Lavra poemas de 1970 a 2000.

Para além da actividade literária, realizou as longas-metragens Nelisita: narrativas nyaneka (1982) e Moia: o recado das ilhas (1989).
Professor universitário, leccionou na Universidade de Luanda, foi Professor Convidado na Universidade de Coimbra e da Universidade de São Paulo.

Fonte: Wikipédia.

7 comentários:

Anônimo disse...

A poesia é emocionante demais!!!!

"Na guerra, na floresta
somos da mesma mãe."

LindOOOO!!!!!

MAIS UMA COISA BOA QUE VC NOS PROPORCIONA!

bjos!!!!!!!

Zil

Henrique dias disse...

legal demais a postagens, ainda citou a fonte, muito bom, da uma credibilidade, fica na paz amigo.

Everson Russo disse...

Belissimo e muito interessante a Canção da Guerra,,,aumenta ainda mais o ditado que diz que mais vale um covarde vivo do que um heroi morto,,,abraços amigo e um belo dia pra ti.

Wanderley Elian Lima disse...

Plá amigo
Esses movimentos regionalistas africanos, realmente são uma grande fonte de inspiração para poetas e escritores. Uma história de luta e determinação que permanece até hoje.
Abração

Valéria lima disse...

Sempre interessante e ensina muito.

BeijooO*

Anônimo disse...

PARECE QUE EL AUTOR, VIVIÓ ESTE POST

Unknown disse...

Bem verdade, filhos da mesma mãe,
porque tanta guerra,
e a dita hyena que tanto ria,
agora chora...

Muito bom meu amigo
Feliz noite pra ti

Bjs

Livinha