segunda-feira, 15 de março de 2010

Meu sonho.

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MEU SONHO

“EU”

Cavaleiro das armas escuras,
Aonde vais pelas trevas impuras
Com a espada sangüenta na mão?
Porque brilham teus olhos ardentes
E gemidos nos lábios frementes
Vertem fogo do teu coração?

Cavaleiro, quem és? O remorso?
Do corcel te debruças no dorso...
E galopas do vale através...
Oh! da estrada as poeiras
Não escutas gritar as caveiras
E morder-te o fantasma nos pés?

Aonde vais pelas trevas impuras,
Cavaleiro das armas escuras
Macilento qual morto na tumba?...
Tu escutas... Na longa montanha
Um tropel teu galope acompanha?
E um clamor de vingança retumba?

Cavaleiro quem és? – que mistério,
Quem te força da morte no império
Pela noite assombrada a vagar?

“O FANTASMA”

Sou o sonho de tua esperança,
Tua febre que nunca descansa,
O delírio que te há de matar!...

Álvares de Azevedo.

 http://www.brasilescola.com/upload/e/Alvares%20Azevedo.jpg

Manuel Antônio Álvares de Azevedo, poeta, contista e ensaísta, nasceu em São Paulo em 12 de setembro de 1831. Patrono da Cadeira n. 2 da Academia Brasileira de Letras, por escolha de Coelho Neto. Era filho do então estudante de Direito Inácio Manuel Álvares de Azevedo e de Maria Luísa Mota Azevedo, ambos de famílias ilustres. Em 1833, em companhia dos pais, mudou-se para o Rio de Janeiro e, em 40, ingressou no colégio Stoll, onde consta ter sido excelente aluno. Em 44, retornou a São Paulo em companhia de seu tio. Regressa, novamente ao Rio de Janeiro no ano seguinte, entrando para o internato do Colégio Pedro II.

Em 1848 matriculou-se na Faculdade de Direito de São Paulo, onde foi estudante aplicadíssimo e de cuja intensa vida literária participou ativamente, fundando, inclusive, a Revista Mensal da Sociedade Ensaio Filosófico Paulistano. Entre seus contemporâneos, encontravam-se José Bonifácio (o Moço), Aureliano Lessa e Bernardo Guimarães estes dois últimos suas maiores amizades em São Paulo, com os quais constituiu uma república de estudantes na Chácara dos Ingleses. O meio literário paulistano, impregnado de afetação byroniana, teria favorecido em Álvares de Azevedo componentes de melancolia, sobretudo a previsão da morte, que parece tê-lo acompanhado como demônio familiar. Imitador da escola de Byron, Musset e Heine, tinha sempre à sua cabeceira os poemas desse trio de românticos por excelência, e ainda de Shakespeare, Dante e Goethe. Proferiu as orações fúnebres por ocasião dos enterros de dois companheiros de escola, cujas mortes teriam enchido de presságios o seu espírito. Era de pouca vitalidade e de compleição delicada; o desconforto das “repúblicas” e o esforço intelectual minaram-lhe a saúde. Nas férias de 1851-52 manifestou-se a tuberculose pulmonar, agravada por tumor na fossa ilíaca, ocasionado por uma queda de cavalo, um mês antes. A dolorosa operação a que se submeteu não fez efeito. Faleceu às 17 horas do dia 25 de abril de 1852, domingo da Ressurreição. Como quem anunciasse a própria morte, no mês anterior escrevera a última poesia sob o título “Se eu morresse amanhã”, que foi lida, no dia do seu enterro, por Joaquim Manuel de Macedo.

Entre 1848 e 1851, publicou alguns poemas, artigos e discursos. Depois da sua morte surgiram as Poesias (1853 e 1855), a cujas edições sucessivas se foram juntando outros escritos, alguns dos quais publicados antes em separado. As obras completas, como as conhecemos hoje, compreendem: Lira dos vinte anos; Poesias diversas, O poema do frade e O conde Lopo, poemas narrativos; Macário, “tentativa dramática”; A noite na taverna, contos fantásticos; a terceira parte do romance O livro de Fra Gondicário; os estudos críticos sobre Literatura e civilização em Portugal, Lucano, George Sand, Jacques Rolla, além de artigos, discursos e 69 cartas.

Preparada para integrar As três liras, projeto de livro conjunto de Álvares de Azevedo, Aureliano Lessa e Bernardo Guimarães, a "Lira dos vinte anos" é a única obra de Álvares de Azevedo cuja edição foi preparada pelo poeta. Vários poemas foram acrescentados depois da primeira edição (póstuma), à medida que iam sendo descobertos.

Fontes: “Poetas Românticos Brasileiros” – Editora Amádio – Edição 1966. e Academia Brasileira de Letras.

13 comentários:

Anônimo disse...

un cierre determinante y esperanzador.
excelente tema.
un abrazo

Andresa Ap. Varize de Araujo disse...

O que mais encanta uma donzela?
Um bravo caveleiro.
Um homem que luta pelos seus ideais e nunca desiste de suas conquistas.
Amei o poema

Um otimo dia para ti, beijos Andresa

Wanderley Elian Lima disse...

Olá amigo
Você brilha pelo bom gosto, sempre apresentando poemas inédito mesmo que sejam de autores conhecidos A biografia é um acréscimo muito bom.
Grande abraço

Valéria lima disse...

Cavaleiro cruel. Fantasma cavalheiro da morte!

BeijooO'

Everson Russo disse...

Quem de nós meu amigo, não carrega um sonho de heroi a se viver,,,???? abraços e uma semana na paz de Jesus....

Antònio Manuel disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Antònio Manuel disse...

Furtado:

Amigo!

Mais um Belo texto!

Lhe desejo uma Òtima Semana cheia de Luz e muita Pàz.

Abraço Meu


Antònìo Manuel

Anônimo disse...

Fascinante, é isso o que eu tenho a dizer. Li, reli e a cada vez que leio me fascino ainda mais.
Adorei este terceto:

"Sou o sonho de tua esperança,
Tua febre que nunca descansa,
O delírio que te há de matar!..."

Fantástico!
Um beijo de boa semana :)

Anônimo disse...

Essa poesia eu conhecia e gostei de ler novamente aqui.
Bjs.

Unknown disse...

Sou o sombra de ti mesmo...
Belo poema meu amigo,
que riqueza guardada em tua estante
que faz a gente sonhar...

Feliz semana
bjs
Livinha

ps:Erraste novamente. Livinha não dançou, foi apenas um convite ao mestre de mais uma história em quadrinhos.. rsrs
bjs

chica disse...

Conhecia a poesia e não a autoria!Legal! abração e uma semana muito boa!chica

Sonhadora (Rosa Maria) disse...

Meu amigo
Mais um lindo poema e como sempre se vai sabendo mais, ao passar aqui.

Beijinhos
Sonhadora

Anônimo disse...

excellent points and the details are more specific than somewhere else, thanks.

- Norman