quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Descobrimento.

[mário.jpg]


DESCOBRIMENTO

Abancado à escrivaninha em São Paulo
Na minha casa da Rua Lopes Chaves
De supetão senti um frúme por dentro.
Fiquei trêmulo, muito comovido
Com o livro palerma olhando pra mim.


Não vê que me lembrei que lá do norte, meu Deus! muito longe de mim.
Na escuridão ativa da noite que caiu
Um homem pálido magro de cabelo escorrendo nos olhos,
Depois de fazer uma pele com a borracha do dia,
Faz pouco se deitou, está dormindo.


Esse homem é brasileiro que nem eu.


Mário de Andrade.
(1893-1945)

7 comentários:

Anônimo disse...

Estudo muito Mario de Andrade. Leio sempre sobre seu trabalho com as modinhas brasileiras do seculo XVIII.
Bjs.

Everson Russo disse...

Simplesmente belissimo...abraços e bom dia pra ti.

Felina Mulher disse...

Querido, hj eu vim te deixar o melhor de mim, o meu carinho... há dias que eu sinto uma paz imensa e uma vontade de sentir saudades de alguém, não sei se entendes, mas preciso desse sentimento para dar sentido aos meus escritos, sem eles parace que fico oca.

É isso...um beijo doce pra ti Furtado.

ANTOLOGIA POÉTICA disse...

Belissimo e bela homenagem.

Beijus prá ti querido.

bitingmidge disse...

I am sorry I must use English to tell you I have enjoyed your posts. (Thank you Google translate!)

Sunshine Coast Daily Photo - Australia

Unknown disse...

Lembranças...
tempos passageiros....

Lindo poema

Bjss

Fada do Mar Suave disse...

Fantástico, Mário de Andrade. Nosso poeta paulistano que tão bem descreveu nossa cidade.
Lindas poesias!O Blog é lindo!!!
Beijosss