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sexta-feira, 24 de julho de 2009

Minha mãe,Deus lhe pague!

MINHA MÃE, DEUS LHE PAGUE!
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/a/a8/Hexenszene_1700.JPG/300px-Hexenszene_1700.JPG

Mas deixai também meus senhores, nesta linda hora risonha, em que as emoções mais íntimas se atropelem dentro de mim, deixai que, mal acabe de vos agradecer, eu me ausente precipitado destas galas. Sim, deixai que o meu coração voe para longe daqui, fuja para a minha estremecida cidade de São Paulo e lá, comovido e respeitoso, penetre por um momento, muito de manso numa casa modesta de bairro, sem luxo. Nesta casa, a estas horas, nesta mesma noite, está uma velha toda branca, oitenta anos, corcovada, com o seu rosário de contas já gastas, a rezar diante da Virgem pelo filho acadêmico. Pelo filho que ela, a viúva corajosa, ramo desajustado, mas altaneiro, de família opulenta, criou, educou, fez homem. Deus sabe com que sacrifícios e com que ingentes heroísmos obscuros!

Deixai, pois, senhores acadêmicos, que o meu coração voe para a casa modesta de bairro, sem luxo, entre no quarto do oratório, ajoelhe diante da velha branquinha, beije-lhe as mãos, e, na brilhante noite engalanada deste triunfo, diga-lhe, por entre lágrimas:
– Minha mãe, Deus lhe pague!

Paulo Setúbal.