DIZERES OCULTOS
Não há palavras exactas capazes de dizer o que levamos.
Não existem olhares que demonstram nossos múltiplos sonhos.
Existirão razões que justificam as nossas sofridas penas?
Não existem sinais que vêm de muito longe.
Não há argumentos que a lógica não traduz.
Subsistem vontades antigas em coisas novas.
Existem gestos que substituem palavras.
Existem palavras que nascem mudas.
Há vontades. Há gestos. Há palavras cada vez mais novas.
E ainda há dizeres ocultos no silêncio absoluto das horas.
Garcia Bires
Bireslav Wolker e o pseudónimo de João Garcia Bires, nasceu em Luanda aos 27 de Fevereiro de 1944. Fez o ensino primário na Escola Evangélica de Luanda e o secundário no Colégio da Casas das Beiras.
Em setembro de 1960, abandona o País refugiando-se com alguns colegas no Congo- Leopoldville, actual República Democrática do Congo. Publicou vários poemas no boletim informativo do MPLA, e nos Jornais e Revistas da juventude das República ex - socialistas da Checosvaquia , Hungria e da URSS. É licenciado em direito Internacional pela Faculdade de Economia e Direito, da Universidade Partice Lumumba, em Moscovo. Membro da União dos Escritores Angolanos, Garcia Bires exerce actualmente o cargo de Embaixador de Angola, na República de Moçambique, depois de ter exercido tal cargo na Namíbia. É autor de três obras literárias, nomeadamente: Dia do Calendário, O Silêncio acordado, e Olhadelando.
Fonte: http://www.antoniomiranda.com.br