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quarta-feira, 24 de março de 2010

Asas úmidas.

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ASAS ÚMIDAS

Melhor, muito melhor, anjo, te fora
não roçares, brincando, as leves plumas
das tuas asas, brancas como espumas,
pela minha cabeça pecadora...

não há em mim a seda protetora
das rosas frescas, onde os pés perfumas,
nem a macia flacidez das brumas
em que poreja uma alvorada loura.

Arfa teu seio na delícia extrema,
como o peito selvagem de Iracema
naquele sonho olímpico da rede;

vieste rompendo castas madrugadas,
que ainda tens as penas salpicadas
de cristalino orvalho, e eu tenho sede!...

B. Lopes.

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 Imagen da web
                                                          
Bernardino da Costa Lopes nasceu no arraial de Boa Esperança, município de Rio Bonito, na Província do Rio de Janeiro, em 15 de janeiro de 1859. Depois de estudar as primeiras letras, vai para Japuíba (1874), onde se torna caixeiro de padaria e faz estudos preparatórios e no ano seguinte se muda para Porto de Caxias. Em 1876 fixa-se no Rio de Janeiro, onde presta concurso para os correios, obtendo o posto. Casa-se, desorganiza sua vida, fica tuberculoso (1906) e vem a falecer em 18 de setembro de 1916, no Rio de Janeiro.

Há na geração parnasiana algumas figuras de posição multivalente, como Luís Delfino ou B. Lopes. Estreou este com Cromos, livro no qual aliara à fidelidade de observação a diretriz campesina adotada por certos poetas românticos das últimas levas, como Bruno Seabra ou Ezequiel Freire. Esses cromos de B. Lopes, em substância derivados das Miniaturas de Gonçalves Crespo, obtiveram repercussão e marcaram largamente o nosso parnasianismo e neoparnasianismo. Há reflexões deles, digamos, tanto em Zeferino Brasil como em Ricardo Gonçalves, para citarmos dois casos.

B. Lopes não teve existência feliz: apaixonando-se por “Sinhá Flor”, a “esguia mameluca”, esta o deprimiu e lhe arrasou a vida; dado ao vício da embriaguez, até internado em hospício andou. Morreu ridicularizado por causa do infeliz soneto de propaganda da candidatura de Mal. Hermes da Fonseca, no qual chamava o futuro presidente da República de “cheirosa criatura”. Seu nível artístico não foi regular, mas nos melhores casos pode representar um dos aspectos do nosso parnasianismo, o sonoro e colorido.

Em 1890, Cruz e Souza chegou ao Rio de Janeiro: ele, B. Lopes, Emiliano Perneta e Oscar Rosas formaram o primeiro grupo de simbolistas brasileiros. Desse novo período, fazem parte Brasões (1895) e Val de Lírios (1900), entre outros.

Fonte: “Poesia Parnasiana” Antologia – Edições Melhoramentos – 1967.