A ASSEMBLEIA DOS RATOS

Um gato, de nome Faro-Fino, deu de fazer tal destroço na rataria duma casa velha, que os sobreviventes sem ânimo de sair das tocas, estavam a pique de morrer de fome.
Tornando-se muito sério o caso, resolveram reunir-se em assembleia para o estudo da questão.
Aguardaram, para isso, certa noite em que Faro-Fino andava aos mios pelo telhado, fazendo sonetos à lua.
– Acho, disse um deles, que o melhor meio de nos defendermos de Faro-Fino é lhe atarmos um guizo no pescoço. Assim, mal se aproxime a fera, o guizo a denuncia e pomo-nos ao fresco a tempo.
Palmas e bravos saudaram a luminosa ideia. O orador foi abraçado e gabado como o maior talento da geração e, posto a votos, foi o projeto aprovado com delírio. Só votou contra um rato casmurro e muito positivo, o qual, pedindo a palavra disse:
– Está tudo muito direito. Mas quem amarra o guizo no pescoço de Faro-Fino?
Silêncio geral. Um desculpou-se por não saber dar nó. Outro porque não era tolo. Todos, porque não tinham coragem. E a assembleia dissolveu-se no meio de geral consternação.
Moral da história: DIZER É FÁCIL; FAZER É QUE SÃO ELAS!
Monteiro Lobato
Um gato, de nome Faro-Fino, deu de fazer tal destroço na rataria duma casa velha, que os sobreviventes sem ânimo de sair das tocas, estavam a pique de morrer de fome.
Tornando-se muito sério o caso, resolveram reunir-se em assembleia para o estudo da questão.
Aguardaram, para isso, certa noite em que Faro-Fino andava aos mios pelo telhado, fazendo sonetos à lua.
– Acho, disse um deles, que o melhor meio de nos defendermos de Faro-Fino é lhe atarmos um guizo no pescoço. Assim, mal se aproxime a fera, o guizo a denuncia e pomo-nos ao fresco a tempo.
Palmas e bravos saudaram a luminosa ideia. O orador foi abraçado e gabado como o maior talento da geração e, posto a votos, foi o projeto aprovado com delírio. Só votou contra um rato casmurro e muito positivo, o qual, pedindo a palavra disse:
– Está tudo muito direito. Mas quem amarra o guizo no pescoço de Faro-Fino?
Silêncio geral. Um desculpou-se por não saber dar nó. Outro porque não era tolo. Todos, porque não tinham coragem. E a assembleia dissolveu-se no meio de geral consternação.
Moral da história: DIZER É FÁCIL; FAZER É QUE SÃO ELAS!
Monteiro Lobato