Mostrando postagens com marcador António Manuel Couto Viana. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador António Manuel Couto Viana. Mostrar todas as postagens

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Bocage.


BOCAGE 

Naquele ano fatal da Grande Perdição 
Que deflagrou, no mundo, un nouvel âge, 
Chegou aqui surgido de Cantão, 
Pra onde o arrebatara o furor de um tufão, 
poeta Bocage. 

Achou a terra decadente e estranha 
E a gente ora mendiga ora devassa. 
E enquanto, num soneto, a satiriza, entoa 
Meigas estrofes à "magnânima Saldanha" 
(Marília, ao celebrar-lhe a formusura e a graça) 
E um hino de lisonjas à "preclara Hulhoa" 

Quase um ano inteiro (quase uma vida inteira!) 
Por Macau bocejou e vageou à toa. 
Mas, por mercê de Lázaro Ferreira, 
Um dia, enfim, pôde enrolar a esteira 
E voltar a Lisboa. 
A cidade, porém, não lhe esqueceu o vulto 
(Esqueceu o soneto que é justo, sem ser mau): 
Hoje, uma rua, rende-lhe culto. 
-É quanto o poeta tem em Macau. 

António Manuel 


António Manuel Couto Viana, nasceu em Viana do Castelo a 24 de Janeiro de 1923, filho de um ilustre minhoto e de uma asturiana, e faleceu em Lisboa a 8 de Junho de 2010. Poeta, dramaturgo, contista, ensaísta, memorialista, tradutor, gastrólogo e autor de livros para crianças, foi também empresário teatral, director artístico, encenador e actor. Publicou meia centena de livros de poesia e mais de 80 títulos de outros géneros literários. Dirigiu e encenou mais de duzentos espectáculos de teatro infanto-juvenil, para adultos, de ópera e opereta. Obteve, tanto pela sua obra poética e literária como pela actividade artística, numerosos e valiosos prémios. Dirigiu, com David Mourão- Ferreira e Luís de Macedo, as folhas de poesia Távola Redonda e foi director da revista de cultura Graal. Participou em alguns filmes portugueses e estrangeiros, em dezenas de peças para a televisão, como vários programas culturais na TV e Rádio. A sua poesia está traduzida em espanhol, inglês, francês, alemão, russo e chinês. 

Fonte: http://www.wook.pt/ 

Visite também: 
Hoje temos: 
A Idade da Poesia Lírica e 
A Tragédia e a Comédia.