Mostrando postagens com marcador Alexandre O'Neill. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Alexandre O'Neill. Mostrar todas as postagens

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Os amantes de novembro.


OS AMANTES DE NOVEMBRO

Ruas e ruas dos amantes
Sem um quarto para o amor
Amantes são sempre extravagantes
E ao frio também faz calor

Pobres amantes escorraçados
Dum tempo sem amor nenhum
Coitados tão engalfinhados
Que sendo dois parecem um

De pé imóveis transportados
Como uma estátua erguida num
Jardim votado ao abandono
De amor juncado e de outono.

Alexandre O'Neill


Alexandre Manuel Vahia de Castro O'Neill de Bulhões, nasceu em Lisboa em 1924.

Em 1948, Alexandre O'Neill, juntamente com Mário Cesariny, António Pedro, Vespeiro e José Augusto França, lançam-se na aventura do surrealismo. Este movimento, fruto da sua época, surgia como provocação ao regime político vigente, e à poesia neo realista.

Em 1950 O'Neill decide se pelo abandono polémico do Movimento Surrealista, expressando desta forma o seu desagrado pelo rumo simulado e decadente em que o surrealismo mergulhara. O poeta nunca foi muito de regimentos, e o surrealismo tinha algo de disciplina ideológica. Contudo, a sua poesia conservou traços surrealistas.

Colabora ainda com "Os Dissidentes" numa exposição. O'Neill, à semelhança de muitos artistas portugueses não pôde viver da sua arte. Afirmava "viver de versos e sobreviver da publicidade".

A publicidade foi a maneira menos trabalhosa de ganhar o sustento que Alexandre O'Neill encontrou. Esta é uma área que requer destreza e à vontade com as palavras, e nesse campo o poeta sentia-se como peixe na água. Porém, Alexandre não criou nenhum vínculo afectivo com esta profissão. Criou algumas frases publicitárias que ficaram na memória, como "Boch é Bom" e esse outro slogan, que é já provérbio, "Há mar e mar, há ir e voltar". A publicidade deu lhe o conforto económico de que necessitava, mas sempre que se enfastiava mudava de patrão e agência publicitária!

Vasto foi o seu currículo, onde constam diversas colaborações para jornais, revistas e televisão. Fez da pátria o seu tema mais constante, e do verso crítico o pincel com que pintou paisagens, gestos e costumes quotidianos.

Transbordante de sonhos, sedento de realidades submersas, foi em vida, e é em morte, incompreendido e votado ao esquecimento. Esse terá sido o preço que pagou por se ter recusado diluir numa qualquer poesia do populismo fácil. O'Neil faleceu em 1986.

Fonte: http://www.truca.pt/

Visite também: