segunda-feira, 28 de junho de 2021

Stela.


 

STELA -


Queres que te ame! Sim! Muito hei de amar-te,

Mas com sinceridade e com brandura.

Pouca vida me resta para dar-te,

Serás talvez minha última desventura.


Amar-te eu já não posso com loucura,

Porque tarde demais pude encontrar-te;

Mas minha alma tristonha com ternura,

Em meus versos muito há de decantar-te.


Se eu te encontrasse na passada idade,

Daria então aos teus dezesseis anos,

Todo o vigor da minha mocidade.


Sou crepúsculo Stela! E tu és aurora!

Quisera eu ter ainda, tão insanos,

Beijos que tive, para dar-te agora.


R.S. Furtado

segunda-feira, 14 de junho de 2021

Morremos!

 

 

MORREMOS!


Cansei de mendigar as tuas ínfimas migalhas,

Arrastar-me aos teus pés como um mísero coitado.

Implorar o teu amor e só receber tuas ralhas,

Como um germe qualquer, todo tempo enxotado.


Cansado da tua frieza, da tua cruel indiferença,

Vivendo só de amargura, foi essa a minha revolta.

Por não poder alimentar mais a minha crença,

Nem a esperança de um dia poder ter-te de volta.


Quem sabe, a vida nos ofereça algo bem diferente,

De tudo aquilo que em tão pouco tempo tivemos.

Muito amor, paz e felicidades venham de presente,

Para que logo esqueçamos que nos conhecemos.


Segues o teu caminho, esqueces que me conheceste,

Tires da mente a minha praia, ancores em outro porto.

Para mim já não mais existes, passaste e morreste,

Pois pra ti já não mais existo, passei, estou morto.


R.S. Furtado