quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

A um burguês.

 

A UM BURGUÊS
Tu, ventrudo burguês analfabeto,
Escultura rotunda da irrisão,
Para quem o viver mais limpo e reto
Consiste em ser devoto e ter balcão;

Tu, que resumes todo o teu afeto
No dinheiro, - o metal da sedução –
Pelo qual negociarás abjeto
Tua esposa, teu lar, teu coração.

Escuta, ó ignorantaço, o que te digo:
Esse ouro protetor, que é teu amigo,
Que te deu o conforto de um paxá,

Pode comprar qualquer burguês cretino;
Mas a lira de um vate peregrino
Não compra, não comprou, não comprará.

Emídio de Miranda
Waldemar Emídio de Miranda nasceu em 05.08.1897, no Recife e morreu em Rio Branco (Arcoverde) no dia 29.08.1933. Era filho do professor Auxêncio da Silva Viana e Maria dos Passos de Miranda Andrade.

Emídio de Miranda (esse era o seu nome artístico), muito cedo começou a versejar e a beber, entregando-se pouco a pouco ao anti-social vício. Porém, apesar disto, Emídio era muito querido pelas pessoas por ser um homem respeitador, bem aparentado, feições nobres e vasta cabeleira que usava ao estilo Castro Alves. Bom poeta e ótimo... Leia mais aqui:

7 comentários:

Lu Nogfer disse...

Olá Furtado.

Belissimo soneto e otima a tua escolha. Pena que o poeta tinha o vicio da bebida mas era mesmo otimo no versejar.

Forte abraço

chica disse...

Deliciosa leitura por aqui.,Escolhes sempre bem! abração, lindo dia! chica

Laura Santos disse...

Um grande soneto sobre a fome de dinheiro e o vício de adquiri-lo, como se o dinheiro tudo pudesse comprar...Algo que vemos em algumas pessoas que se perdem nos bens materiais.
Dias felizes, Furtado!
xx

Nilson Barcelli disse...

Um belo soneto.
E tanto andaram que acabaram com os burgueses...
Bom resto de semana, caro amigo Furtado.
Abraço.

AdolfO ReltiH disse...

UN SONETO MUY SIGNIFICATIVO.
UN ABRAZO

Wanderley Elian Lima disse...

Agressivo, mas real. Gostei.
Abraço

Magia da Inês disse...

♪♬° ·.
Ótima reflexão para o tempo do Advento: dinheiro é tudo na vida???

Ótimo restinho de semana!
Beijinhos.
°♪♬✿ミ