PRESÍDIO
Nem
todo corpo é carne... Não, nem todo.
Que
dizer do pescoço, às vezes mármore,
às
vezes linho, lago, tronco de árvore,
nuvem,
ou ave, ao tacto sempre pouco...?
E o
ventre, inconsistente como o lodo?...
E o
morno gradeamento dos teus braços?
Não,
meu amor... Nem todo o corpo é carne:
É
também água, terra, vento, fogo...
E
sobretudo sombra à despedida;
onda
de pedra em cada reencontro;
no
parque da memória o fugidio
vulto
da Primavera em pleno Outono...
Nem
só de carne é feito este presídio,
pois
no teu corpo existe o mundo todo!
David
Mourão - Ferreira
Escritor português, nasceu em Lisboa, em 1927 e morreu, também
nesta cidade, em 1996. Licenciou-se em Filologia Romântica em
Lisboa, onde chegou a ser professor catedrático, organizando e
regendo, entre outras, a cadeira de Teoria da Literatura. Foi
secretário de Estado da Cultura, entre 1976 e 1979; diretor do
diário A Capital, diretor do
Boletim Cultural do Serviço de Bibliotecas Itinerantes e Fixas da
Fundação Calouste Gulbenkian, entre 1984 e 1996; diretor da revista
Colóquio/Letras;
presidente da Associação Portuguesa de Escritores (1984-86) e
vice-Presidente da Association Internationale des Critiques
Littéraires. A sua obra... Leia mais aqui:
9 comentários:
Muito linda, intensa poesia! Que teu fds seja leve, feliz e lindo! abração,chica
Já estive aqui hoje, pela manhã, bati, bati, mas a janela não se abriu, Furtado, para eu deixar algumas palavras...Agora sim: soneto lindo! Obrigada,bom domingo, meu abraço.
Agora sim, nem precisei ir ler sobre este autor, que conheço muito bem.
Todos os poemas dele são muito bons!
Até já postei também sobre ele, e até a foto calhou ser a mesma...:-)
Aqui:
http://escritacommusica.blogspot.pt/2013/06/david-mourao-ferreira.html
Olá, Furtado
Parabéns.
Belíssimo soneto. De uma coisa tenho certeza. Todo corpo, tem as suas emoções
Abraços
No presidio amontoados!
talvez, alguns inocentes
seres humanos condenados
com tratamentos diferentes
pelos crimes praticados...
Não é o caso do seu poema!
bem separadas as palavras
como o presidio ser o tema
pode nos olhos causar lágrimas?
Bom domingo para você amiga Furtado, um abraço.
Eduardo.
Mourão Ferreira legou-nos vasta Obra.
Este Soneto é um exemplo do seu magnífico modo de escrever.
Parabéns pela escolha.
Abraços
SOL
Que poema forte.
Adorei a partilha e informação.
Beijo
um lindo poema de um poeta sensacional
Beijo*
Renata
Boa tarde Furtado!
Amigo bela escolha, esse soneto é sensacional.
Amigo eu me perdi aqui no seu blog, não sei qual era o certo, entrei em prendas, voltei e vim neste.
Uma grandiosidade, de poemas e sonetos com muito bom gosto.
Se o amigo permitir vou linkar este blog ok.
Abraços da amiga Nati.
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