terça-feira, 12 de junho de 2012

A Rendeira.


A RENDEIRA 

Na teia da manhã que se desvela, 
a rendeira compõe seu labirinto, 
movendo sem saber e por instinto 
a rede dos instantes numa tela. 
Ponto a ponto, paciente, tenta ela 
traçar no branco linho mais distinto 
a trama de um desenho tão sucinto 
como a jornada humana se revela. 
Em frente, o mar desfia a eternidade 
noutra tela de espuma e esquecimento 
enquanto, entrelaçado, o pensamento 
costura sobre o sonho a realidade. 
Em que perdida tela mais extrema 
foi tecida a rendeira e este poema? 

Adriano Espínola 


Adriano Espínola é poeta, ensaísta e professor da UFRJ. Parte de sua obra é dedicada à Fortaleza, sua cidade natal. "Fala, favela" (1981), "Táxi" (1986) e "Beira-Sol" (1997), sintetizam a experiência sensorial com a cidade. Seu livro de poesias "Beira-Sol" (1997) recebeu o Prêmio de Poesia – 2006 da FBN para Obra em Curso e "Praia provisória" (2006) rendeu-lhe o Prêmio ABL de Poesia, em 2007. Como ensaísta lançou "As artes de enganar: um estudo das máscaras poéticas e biográficas de Gregório de Mattos" (2000), sua tese de doutorado. Seu livro-poema "Táxi" foi traduzido para o inglês por Charles Perrone e lançado na coleção Literatura Mundial em Tradução (Nova York/Londres: Garland, 1993). Como escritor convidado, participou, dentre outros eventos, do Festival Internacional de Poesia do Mundo Latino, em Bucareste (1997), do 18º. Salão do Livro, em Paris (1998), e do Congresso de Escritores Brasil-Portugal, no Porto (2000). É membro do PEN Club do Brasil desde 2006. Foi professor-leitor de Cultura e Literatura Brasileiras na Université Stendhal Grenoble III, em Grenoble-França, de 1989 a 1991, e professor convidado na Universidade Federal do Rio de Janeiro, de Teoria Literária, de 2004 a 2007. Atualmente é professor associado de Literatura Brasileira da Universidade Federal do Ceará, em Fortaleza. 

Fonte: Academia Brasileira de Letras. 

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8 comentários:

Severa Cabral(escritora) disse...

olé mulher rendeira...
olé mulher rendar...
tú me ensinas à fazer renda
que eu te ensino a namorar...
Húmmmmmmm !
Poema lindo !!!!!!!
Desejo um feliz dia ,rsrsrrs
FELIZ DIA DOS AMORES !!!!!!!!!!!!!

chica disse...

Adoro ver as rendeiras e seus trabalhos de paciência...
Linda poesia!! abração,chica

Everson Russo disse...

Um belo trabalho...com um belo poema...abraços de bom dia pra ti amigo.

Luján Fraix disse...

BELLO POEMA NOS REGALAS HOY.
GRACIAS POR TRAER NUEVOS AUTORES Y POR MOSTRAR SU OBRA.

BESOS

Anônimo disse...

MAGNIFICA DEDICATORIA.
UN ABRAZO

Valéria Souza disse...

Um bonito poema. Quando observei esta pintura "rendeira", lembrei-me de vovó com o seu cachimbo a fumegar e a manusear os bilros na confecção de renda. Um trabalho muito bonito!

Sonhadora (Rosa Maria) disse...

meu querido amigo

Como sempre mais uma joia rara da poesia que adorei ler.

Um beijinho com carinho
Sonhadora

Lia Noronha disse...

De muito bom gosto..sua seleção de poemas.abraços carinhosos.