segunda-feira, 12 de outubro de 2009

O rei infeliz.

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O REI INFELIZ (Lenda hindu)

O rei e a rainha viviam num palácio de ouro. Possuíam fortuna, riquezas e filhos perfeitos. Mas o rei não era feliz. Sempre intranqüilo, temia morrer de repente, apesar de ser forte e gozar de boa saúde. Receava perder o poder e o dinheiro. Pensava que os amigos iriam trai-lo. Por isso não se alimentava, nem dormia direito. Vivia tristemente desassossegado. Um dia chamou o sábio da corte e consultou com ele. Perguntou ao sábio: “Que devo fazer para acabar com meus temores? Tenho tudo. Casa rica, mulher bela, filhos obedientes, poder, glória e dinheiro! No entanto, vivo infeliz, em contínuos sobressaltos e cheio de medo. Diga-me, ó sábio, que devo fazer para ser feliz e viver em paz?”
O sábio da corte olhou o rei de cima em baixo e respondeu:
Vossa Majestade só obterá tranqüilidade no dia em que vestir a camisa de um homem feliz.
Naquele mesmo dia, saiu o rei pelas ruas de todas as cidades de seu reino. A todo mundo que encontrava dirigia invariavelmente a mesma pergunta.
– Escute cá! Você é um homem feliz? Inteiramente feliz?
E recebia sempre uma resposta assim: mais ou menos!
Havia gente que falava logo: “Não, eu não sou feliz! Ainda não tenho tudo que quero”.
Como não encontrou sequer um homem que lhe garantisse que era bastante feliz, saiu das cidades e foi percorrer todos os campos e todas as estradas do seu reino. Andou a valer. E ouvia sempre a mesma resposta: “Não. Eu ainda não sou feliz!”
Cansado de caminhar, pensava até que havia aprendido uma grande lição, a de que os homens jamais poderiam ser totalmente felizes na terra. Foi então que, numa curva da estrada, avistou uma casinha de pau-a-pique soltando fumaça pela chaminé de barro. E do lado de fora, no terreiro batido, cantando, suado e risonho, um lenhador que brandia o machado brilhante nuns tocos de pau. O rei apeou do cavalo.
– Bom dia, amigo,
– Bom dia, sim, senhor.
– Você está alegue... Cantando... Escute! Você é feliz?
– Ih! Moço. Felicíssimo. Graças a Deus.
O rei exultou. Até que enfim encontrara um homem feliz. O lenhador respondia as perguntas do rei. E ia explicando: vivo contente com minha mulher e meu trabalho. Levanto cedo. Dou uma volta no roçado. Cato os gravetos. E os meninos me levam a comida. Dou a ração para as galinhas. Vejo os porcos. Tiro leite nas duas cabras. Vou a cidade vender abobrinhas e hortaliças. Trago diariamente para a patroa um naco de rapadura e meio quilo de farinha. De vez em quando racho lenha na casa dos outros, só para ajudar. Mas aqui planto. Aqui colho. Aqui vivo. E, meu Deus me ouça, aqui quero morrer. É tão bom!
O rei vibrava de alegria. E então contou para o lenhador que era um rei. E que desejava apenas vestir a camisa do homem feliz. Vestir só. Depois tornava a entregar.
– Ah!... Seu rei, eu não tenho camisa.
E o suor pingava em bagas do peito nu do lenhador feliz.

Autor desconhecido.

14 comentários:

Andresa Ap. Varize de Araujo disse...

Meu querido amigo que fabula!!!!!!!
Que lição de vida e humildade!!!!
Podemos ser sim felizes com muito pouco!
Um grande beijo
Andresa

Sidney Ramos disse...

Que bom Furtado !
Que você foi lá.
Estava com saudades de receber esses afagos de sua mão na auto-estima de um poeta menor.
Que "Bebeu as próprias lágrimas" como uma pétala ao cair na tarde.

Abraços.

A Torre Mágica | Pedro Antônio de Oliveira disse...

Oi, Rosemildo!

Você tem toda razão! Há muitas crianças que sofrem e não recebem carinho! No post sobre o dia das crianças do ano passado, fiz uma crítica a isso por meio de imagens e pequenos textos.

Um abração! :) Ótima semana!

Até breve.

Pedro Antônio

EDUARDO POISL disse...

Entre o Passado, onde estão nossas recordações e o Futuro, onde estão nossas esperanças, fica o Presente, onde está nosso dever. (Sueli Phigucci)

Devido ao feriado e com a ilha e o hotel lotado nao pude estar presente no teu blogger, mais agora com tudo mais calmo vim te desejar uma linda semana com muito amor e carinho.
Um grande abraço

chica disse...

Linda lenda essa...Um abração e tudo de bom,chica

Everson Russo disse...

Belissimo e reflexivo, fica a lição que podemos sim ser felizes com pouco...sem ganancia....abrçaos amigo e otima semana.

uminuto disse...

uma verdadeira história de vida
um beijo

Andresa Ap. Varize de Araujo disse...

Estou a sentir sua falta.....
bjs
Andresa

SIMONE MARIANO disse...

AMIGO QUERIDO...

LINDO !!
O POUCO COM DEUS É MUITO!

BEIJOS:

SIMONE MARIANO

Anônimo disse...

Olá Rosenildo

São palavras que nos convidam a reflexão. Muotas vz somos felizes e não sabemos.

Unknown disse...

Ô meu querido amigo, sequer tenho palavras de gratidão pela tua tão prestimosa visita, sempre constante, no incentivo e na verdadeira forma de prestigiar de fato, as letras que saem bailando do nosso âmago, com tanta naturalidade, como que alcançando a liberdade de voar... assim eu digo que teus contos retratados, fazem o canto, como as letras do teu imo doadas, faz o encanto...


Olha, de fato felicidade, é estar feliz com o que se tem, sem nada mais pedir a Deus, pois as ferramentas nobres que possuimos, faz nascer todos os outros desejos. Felicidade é satisfação plena do gozo íntimo do coração. A casa e a comida é o resultado de quem trabalha, é a colheita do plantio... é o comum de dois, na soma exata do que se constituiu...é a troca resultando equilíbrio e Paz... Assim eu vivi, por isto descrevo o que aprendi por sentir, por um dia ter sido de fato feliz e a Deus sou grata, mas é uma pena danada, quando o FELI parte mais cedo deixando somente a DADE pela metade... mas como ninguém sobrevive só do meio, um dia as duas metades, serão novamente o inteiro...
Furtado, tua presença é luz no meu recanto, pois que sozinhos na estrada nada fazemos. Obrigada sempre pelo incentivo, pelo teu carinho

Linda semana!
Bjss

Andresa Ap. Varize de Araujo disse...

Ola amigo Furtado,
Passando para agraceder seu carinho.
Um otimo dia
Bjs
Andresa

POESIA CÁ E LÁ disse...

Passando pra aquecer a alma.

beijos ternurentos

Clau Assi

Sueli disse...

Bom dia amigo Rosemildo.
Só conseguiremos ser felizes quando deixarmos de olhar prá fora de nós e prestarmos atenção àquilo que temos, externa e internamente.
Ótimo texto.
Ótimo final de semana
beijos
Sueli