ACODE EU SANTO ANTONHO!
Hoje acordei arretada, virada cum a molesta!
Êta vida desgramada. Só pra eu nada presta!
APassei a noite toda sozinha, cum muita fome.
Mais hoje, sem farta vou cedinho lá pra festa,
Vesti a rôpinha mió, carçá a sandaia qui presta,
Pru mode vê se dá sorte, e eu arrume aigum home.
Hoje é vespra de Santo Antonho casamentêro,
Quem sabi aculá na festança, no meio do terrêro,
Ele atenda o meu sonho, arranje um home pra eu.
E acaimá mais, só um pouquinho minha vida,
Aquetá minha disprezada, surfrida e inxirida,
E mostrá qui Deus é bão, e nunca mi isqueceu.
Quem tivé a vida surfrida, iguarzinha a minha,
E quisé tombém aquetá a assanhada bixinha,
Faça comu eu, pedi baxinho, pur baxo do pano.
Aproveita qui hoje é o dia de pedí, num isquece,
Pruque num é todo dia qui o santinho aparece,
Essa xanxe demora, a genti só tem de ano e ano.
Acode eu Santo Antonho!
R.S. Furtado