segunda-feira, 26 de maio de 2014

Soneto.

  


SONETO

Vinte vezes a lua prateada
inteira o rosto seu mostrado havia,
Quando um terrível mal, que então sofria,
Me tornou para sempre desgraçada.

De ver o céu e o sol sendo privada,
Cresceu a par comigo a mágoa ímpia;
Desde a infância a mortal melancolia
Se viu em meu semblante debuxada.

Sensível coração deu-me a natura,
E a fortuna, cruel sempre comigo,
Me negou toda a sorte de ventura;

Nem sequer um prazer breve consigo:
Só para terminar minha amargura
Me aguarda o triste, sepulcral jazigo.

Delfina Benigna da Cunha
 

Delfina Benigna da Cunha (São josé do Norte/RS, 17 de junho de 1791 – Rio de Janeiro, 13 de abril de 1857) foi uma poetisa brasileira.

É tida como figura de destaque nas manifestações fundadoras da literatura gaúcha, embora a posição que ocupe na historiografia literária sulina seja hoje periférica, em razão da retração crítica que seu valor... Leia mais aqui: 

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4 comentários:

  1. Lindo,mesmo que melancólico soneto! abração, ótima semana!chica

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  2. Bom dia meu amigo Furtado.
    Aqui me deliciando com este belo Soneto de Delfina Benigna da Cunha.
    Obra máxima dos Bardos desta arte!
    Voce já visitou meu novo Blog Duetos?
    Abraços,
    Efigenia

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  3. Num poema perfeito,
    como sempre o imaginei
    aqui encontro o soneto
    para o ler aqui voltarei,

    Vinte vezes tantas,
    luas prateadas
    felizes sejam noite longas
    outras tantas madrugadas.

    Felicidades tantas,
    espalhadas nas areias
    iluminadas santas
    pelas luzes das candeias.

    Tenha uma boa tarde amigo Furtado, um abraço.
    Eduardo.

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