sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Vós que ocupais a nossa terra.


VÓS QUE OCUPAIS A NOSSA TERRA

E preciso não perder
de vista as crianças que brincam:
a cobra preta passeia fardada
à porta das nossas casas.
Derrubam as árvores fruta-pão
para que passemos fome
e vigiam as estradas
receando a fuga do cacau.
A tragédia já a conhecemos:
a cubata incendiada,
o telhado de andala flamejando
e o cheiro do fumo misturando-se
ao cheiro do andu
e ao cheiro da morte.
Nos nós conhecemos e sabemos,
tomamos chá do gabão,
arrancamos a casca do cajueiro.
E vós, apenas desbotadas
máscaras do homem,
apenas esvaziados fantasmas do homem?
Vós que ocupais a nossa terra?

Manuela Margarido


Maria Manuela Conceição Carvalho Margarido (roça Olímpia, Ilha do Príncipe, 1925 - Lisboa, 10 de Março de 2007) foi uma poetisa são-tomense.

Manuela Margarido cedo abraçou a causa do combate anti-colonialista, que a partir da década de 1950 se afirmou em África, e da independência do arquipélago. Em 1953, levanta a voz contra o massacre de Batepá, perpetrado pela repressão colonial portuguesa.

Denunciou com a sua poesia a repressão colonialista e a miséria em que viviam os são-tomenses nas roças do café e do cacau.

Estudou ciências religiosas, sociologia, etnologia e cinema na Sorbonne de Paris, onde esteve exilada. Foi embaixadora do seu país em Bruxelas e junto de várias organizações internacionais.

Em Lisboa, onde viveu, Manuela Margarido empenhou-se na divulgação da cultura do seu país, sendo considerada, a par de Alda Espírito Santo, Caetano da Costa Alegre e Francisco José Tenreiro, um dos principais nomes da poesia de São Tomé e Príncipe.

Fonte: Wikipédia

9 comentários:

  1. caro: Furtado:

    Amigo!

    Mais um exlente trabalho é gratificante viajar neste espaço pleno de cultura:

    Grato pela partilha

    Lhe deixo um presente!

    *****

    Alto como o silêncio


    A ilha te fala
    de rosas bravias
    com pétalas
    de abandono e medo.

    No fundo da sombra
    bebendo por conchas
    de vermelha espuma
    que mundos de gentes
    por entre cortinas
    espessas de dor.

    Oh, a tarde clara
    deste fim de Inverno!

    Só com horas azuis
    no fundo do casulo,
    e agora a ilha,
    a linha bravia das rosas
    e a grande baba negra
    e mortal das cobras.


    Maria Manuela Margarido

    *****

    Otimo fim de Semana Luz e Pàz:

    Ps: jà estou muito melhor:
    Obrigado por tudo.


    Antònio Manuel

    ResponderExcluir
  2. Olá gostei muito dos seus textos: já sou seu seguidor.
    vou colocar em meu blog, um direcionamento do seu
    link para que através de atualizações eu esteja te
    acompanhado. bjos e abraços.

    ResponderExcluir
  3. Oi....entrar aqui é passear na literatura....

    Suas escolhas são preciosas...!

    bjos amigo!!!!

    Zil

    ResponderExcluir
  4. meu querido amigo

    Sempre poemas e informação muito sensível...um texto maravilhoso e cheio de informação como sempre.

    Deixo um beijinho
    Sonhadora

    ResponderExcluir
  5. Olá amigo Furtado,belíssimo poema. Essa escritora lembra Manoel de Barros. Não a conhecia , obrigada por trazê-la. Me tocou , em especial, pela situação triste que a minha cidade, o Rio de Janeiro, vive nesse momento.

    "Vós que sois do mal", não continuem a magoar os cariocas"... Das palavras da grande poetisa faço as minhas para esses bandidos que estão aterrorizando a população.

    Furtado, sua sugestão deixada no meu blog se concretizou, viu? As forças armadas já estão por aqui.

    Um beijo pra você e para a família. Um bom fim de semana e meus parabéns pelo belo post!

    ResponderExcluir
  6. Tomam a terra, matam, e depois deixam um rastro de sangue e dor.
    Abração

    ResponderExcluir
  7. É preciso não nos esquecermos,
    das nossas criaças, carpindo, limpando as ervas para que elas cresçam benfazejas e belas podendo ser estendidas no desbravar dessas terras...

    Belíssimo poema.
    Uma questão que nunca deixou de existir, mas que hoje, percebo que já descambou, para um lado tortuoso. Sei lá. Salvemos as nossas, fazendo a nossa parte, para que as perdas não sejam tão grandes...

    Lindo fds pra ti

    Bjs

    Livinha

    ResponderExcluir