quinta-feira, 11 de novembro de 2010

O assassino era o Escriba


O ASSASSINO ERA O ESCRIBA

Meu professor de análise sintática era o tipo do sujeito
inexistente.
Um pleonasmo, o principal predicado de sua vida,
regular como um paradigma da la conjugação.
Entre uma oração subordinada e um adjunto
adverbial, ele não tinha dúvidas: sempre achava um jeito
assindético de nos torturar com um aposto.
Casou com uma regência.
Foi infeliz.
Era possessivo como um pronome.
E ela era bitransitiva.
Tentou ir para os EUA.
Não deu.
Acharam um artigo indefinido em sua bagagem.
A interjeição do bigode declinava partículas expletivas,
conectivos e agentes da passiva, o tempo todo.
Um dia, matei-o com um objeto direto na cabeça.

Paulo Leminsk


Paulo Leminski Filho nasceu no dia 24 de agosto de 1949 em Curitiba-PR, e faleceu, também em Curitiba-PR, no dia 07 de junho de 1989. Poeta, romancista e tradutor. Filho de Paulo Leminski, militar de origem polonesa, e Áurea Pereira Mendes, de ascendência africana. Aos doze anos, ingressa no Mosteiro de São Bento, onde adquire conhecimentos de latim, teologia, filosofia e literatura clássica. Em 1963, abandona a vocação religiosa. Viaja a Belo Horizonte para participar da Semana Nacional de Poesia de Vanguarda, onde conhece Augusto de Campos, Décio Pignatari e Haroldo de Campos, criadores do movimento Poesia Concreta. No ano seguinte, publica seus primeiros poemas na revista Invenção, editada pelos concretistas, e torna-se professor de história e redação em cursos pré-vestibulares, experiência que motivou a criação de seu primeiro romance, Catatau (1976). Leminski também atua como diretor de criação e redator em agências de publicidade, o que contribui para sua atividade poética, sobretudo no aspecto da comunicação visual. Fascinado pela cultura japonesa e pelo zen-budismo, Leminski pratica judô, escreve haicais e uma biografia de Matsuo Bashô. O interesse pelos mitos gregos, por sua vez, inspira a prosa poética Metaformose. Paulo Leminski exerce atividade intensa como crítico literário e tradutor, vertendo para o português obras de James Joyce, Samuel Beckett, Yukio Mishima, Alfred Jarry, entre outros. Colabora em revistas de vanguarda, como Raposa, Muda e Corpo Estranho, e faz parcerias musicais com Caetano Veloso e Itamar Assumpção, entre outros. Em 1968, casa-se com a poeta Alice Ruiz, com quem vive durante vinte anos, e tem três filhos: Miguel Ângelo (que morre aos dez anos de idade), Áurea e Estrela. Em 7 de junho de 1989, o poeta morre, vítima de cirrose hepática.

www.itaucultural.org.br/

14 comentários:

  1. uffffffff, tremendo escrito!!!!
    un abrazo

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  2. Maravilhoso,emocionante...bela escolha! abraços, tudo de bom, lindo dia!chica

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  3. Maravilhoso e envolvente,,,abraços de bom dia pra ti amigo.

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  4. Rosemildooooooooo, caramba, perae que eu vou fazer umas perguntinhas para o dicionário e ja volto comentar, rsrsrsrrsrsrsrsrssrrsrsr mas, eu volto viu...a cabeça pirou aqui agora...
    Beijossssssss

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  5. Hum...agora sim,respirei fundo, incrivel o texto, mas menino que bagagem poética é essa?
    Beijosssssssssss

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  6. Olá amigo
    Adoro os poemas criativos e originais de Leminsk, não é à toa que fazia parte de grupo da poesia marginal.
    Abração

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  7. Este comentário foi removido pelo autor.

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  8. Obrigada pelos selinho, faltava vc lá,então te levei, rsss, amei viu!!Quando tiver um tempo pega o meu selinho, ele tem uma flor vermelha dentro de uma taça, claro se quizer né!!abração de urso, olha eu estava com saudades
    com carinho
    Hana

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  9. Grande amigo meu, vc me fez lembrar não só do Paulo Leminsk, mas tbém da minha cidade linda, sabe sou muito bairrista, rss, minha cidade sorriso, assim é conhecida.
    Linda homenagem ao Paulo Leminsk, adorei amigo, que presente vc me deu com este post.
    com carinho
    Hana

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  10. *
    um dos meus preferidos,
    obrigado pela partilha !
    ,
    conchinhas,
    ,
    *

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  11. Meu amigo

    Como sempre um lindo poema e toda a informação sobre o autor, adorei ler.

    Beijinhos
    Sonhadora

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  12. Aqui a cultura e a informação andam de mãos dadas.
    Obrigada pela partilha.
    Belíssima postagem.
    Beijos de luz
    Lady

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  13. Sou fazona do Leminski.

    Adorei o post!!!

    beijoooo

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  14. Tá vendo aí, eis a dita gramática, que tão bela, sempre se mostrando na escrita, de todas as formas, até nas formas ocultas, quando sujeita inclusa...
    isto dá pano pra manga...

    Noite de luz

    bjs

    livinha

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