sexta-feira, 21 de maio de 2010

Mocidade e morte.

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MOCIDADE E MORTE

Solevantado o corpo, os olhos fitos,
As magras mãos cruzadas sobre o peito,
Vede-o, tão moço, velador de angústias,
Pela alta noite em solitário leito.

Por essas faces pálidas, cavadas,
Olhai, em fio as lágrimas deslizam;
E com o pulso, que apressado bate,
Do coração os restos harmonizam.

É que nas veias lhe circula a febre:
É que a fronte lhe alaga o suor frio;
É que lá dentro à dor, que o vai roendo,
Responde horrível íntimo cicio.

Encostando na mão o rosto aceso,
Fitou os olhos húmidos de pranto
Na lâmpada mortal ali pendente,
E lá consigo modulou um canto.

É um hino de amor e de esperança?
É oração de angústia e de saudade?
Resignado na dor, saúda a morte,
Ou vibra aos céus blasfémia d'impiedade?

É isso tudo, tumultuando incerto
No delírio febril daquela mente,
Que, balouçada à borda do sepulcro,
Volve após si a vista longamente.

É a poesia a murmurar-lhe na alma
Última nota de quebrada lira;
É o gemido do tombar do cedro;
É triste adeus do trovador que expira.

Alexandre Herculano.

http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/alexandre-herculano/imagens/alexandre-herculano-3.jpg

Alexandre Herculano de Carvalho e Araújo nasceu em Lisboa no ano de 1810. Sua vida foi marcada por lutas políticas e pela reconstrução literária da história de Portugal. Um dos mais importantes romancistas do século XIX, suas obras são de cunho romântico e vão desde a poesia ao drama e ao romance. É um dos grandes escritores de sua geração, desenvolvendo o tema romântico por excelência: a incompatibilidade do indivíduo com o meio social.

Devido ao seu envolvimento na Revolta do 4 de Infantaria, é obrigado a emigrar para Inglaterra, em 1831. No ano seguinte, tendo retornado a Portugal, Herculano começa a trabalhar na Biblioteca Pública do Porto, como segundo bibliotecário. Em 1839, é nomeado diretor das bibliotecas reais das Necessidades e da Ajuda. No ano de 1853, o romancista funda o Partido Progressista Histórico. Quatro anos depois, manifesta sua discordância em relação à Concordata de Roma, que restringia os direitos do padroado português na Índia.

Em 1859, adquire a quinta de Vale de Lobos, perto de Santarém, onde, embora retirado, continua a receber correspondência e muitas personalidades ligadas à cultura e ao poder. No ano seguinte, participa na redação do primeiro Código Civil português.

Em1866, casa-se com uma senhora por quem era apaixonado desde a juventude. Morre em 1877, rodeado de enorme prestígio, traduzido numa manifestação nacional de luto organizada pelo escritor João de Deus.


Poesia


A Voz do Profeta (prosa poética) - 1836
Harpa do Crente - 1837


Romance e narrativas


O Bobo - 1843
Lendas e Narrativas I e II -1839 e 1844
Eurico, o Presbítero -1844
O Pároco da Aldeia - 1844
O Monge de Cister - 1848
História da Origem e Estabelecimento da Inquisição em Portugal - 1850
História de Portugal I, II, III e IV - 1846 e 1853


Teatro


O Fronteiro de África - 1838
Os Infantes em Ceuta - 1842


Fonte: cultura.portaldomovimento.com

13 comentários:

  1. Hoje é dia de Festa em nosso blog!
    Não deixe de participar.
    Você é nossa convidada especial!
    Um abraço carinhoso

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  2. Lindo e profundo poema de Herculano! abração,lindo dia e FDS.chica

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  3. Belissimo e muito profundo,,,abraços e um otimo final de semana na paz de Deus.

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  4. Meu querido amigo
    Lindo como sempre, adoro passar e ler sempre belos poemas.

    beijinhos
    Sonhadora

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  5. Tem selinho prá voce aki no Poesia
    Beijos e Bom FDS!

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  6. Que maravilha!

    Viver é sempre aprender!

    bj

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  7. Oi amigo, achei esses versos um pouco lutuoso.

    BeijooO'

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  8. Olá meu amigo, como é gratificante adentrar neste seu espaço e ler um bom poeta, assim vamos conhecendo
    os grandes nomes da poesia.

    Agradeço sua visita,
    saudosamente
    aqui de New York,
    Efigênia Coutinho

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  9. Amigo
    Um beijinhopara ti


    Wanderley


    O futebol também faz parte da vida.
    eu amo o futebol
    Um beijo
    O MUNDO


    Lá fora com sol e calor
    As crianças bricam no jardim
    Desprendidas e alegres
    Jogam à bola, fazem corridas...


    Rasgam calças e a jogar...
    Fazem os seus primeiros arranhões
    Que vão para casa curar...
    Com o beijo carinhoso dos pais...


    E vão... crescendo e vão vendo
    Que cada dia se magoam mais
    E andando e sofrendo
    Vão compreender que não são mais meninos...


    E como era bom ser menino
    E como era bom ser criança
    Agora já adultos e com amargura
    É que sentem o peso que a vida lhes deu...


    Vida de homens egoístas
    Que para tudo terem tentam sugar...
    Mundo, que muitas vezes é cão
    Mas que nós temos que saber mudar...


    LILI LARANJO

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  10. Ai meu amigo, me desculpe mas apesar da riqueza poética, achei muito tétrico esse poema.
    Um ótimo fim de semana para você
    Um abraço

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  11. To passando...to passando... e deixando
    Beijinhos e BOM FDS! M@ria

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  12. paralelos infinitos.
    un abrazo

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  13. Furtado...

    Nada mais natural do que o ciclo, Vida & Morte...gostei muito do Poema, mesmo sendo um tanto pesado, mas afinal, ficou o seu modo de se eternizar...e vc tb o fez com sua postagem, lançando seu verso no tempo...
    Parabéns!!

    Beijos e um ótimo Final de Semana!!

    Reggina Moon

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