TALVEZ O VENTO SAIBA
Talvez
o vento saiba dos meus passos,
das
sendas que os meus pés já não abordam,
das
ondas cujas cristas não transbordam
senão
o sal que escorre dos meus braços.
As
sereias que ouvi não mais acordam
à
cálida pressão dos meus abraços,
e o
que a infância teceu entre sargaços
as
agulhas do tempo já não bordam.
Só
vejo sobre a areia vagos traços
de
tudo o que meus olhos mal recordam
e os
dentes, por inúteis, não concordam
sequer
em mastigar como bagaços.
Talvez
se lembre o vento desses laços
que
a dura mão de Deus fez em pedaços.
Ivan
Junqueira
Sexto ocupante da Cadeira nº 37, eleito em 30 de março de 2000, na
sucessão de João Cabral de Melo Neto e recebido em 7 de julho de
2000 pelo Acadêmico Ruardo Portella. Recebeu o Acadêmico Antonio
Carlos Secchin. Faleceu no dia 3 de julho de 2014, no Rio de Janeiro,
aos 79 anos.
Ivan Junqueira nasceu no Rio de Janeiro (RJ) em 3 de novembro de
1934. Aqui realizou seus primeiros estudos, ingressando em seguida
nas faculdades de Medicina e de Filosofia da Universidade do Brasil,
cujos... Leia mais aqui:
Lindo, como sempre aqui!! abração ainda praianos, mas já com dor no coração de deixar o mar...chica
ResponderExcluirLindo soneto de Ivan Junqueira que escreve melhor do que traduz.
ResponderExcluirBoa semana, Rosemildo.
Abraço*
Furtado,que poesia mais linda escolheu! O vento sempre sabe de tudo! bjs,
ResponderExcluirDelícia de sentimentos:"[...] Talvez se lembre o vento desses laços
ResponderExcluirque a dura mão de Deus fez em pedaços."
No resto, a Fé faz milagre.
Bom Soneto. Boa Alma.
Abraços
SOL
Olá Furtado, talvez os ventos saibam até daquilo que ainda não vivi.
ResponderExcluirOlha, tentei comentar na postagem recente e não consegui, nem aperece os outro comentarios.
Até logo.