quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Soneto.


SONETO
Oito anos apenas eu contava,
Quando à fúria do mar, abandonando
A vida, em frágil lenho e desmandando
Novo clima, da pátria me ausentava.

Desde então à tristeza começava
O tenro peito a ir acostumando;
E mais tirana sorte adivinhando
Em lágrimas o pai e a mãe deixava.

Entre ferros, pobreza, enfermidade,
Eu vejo, ó céus! que dor! que iníqua sorte!
O começo da mais risonha idade.

À velhice cruel (ó dura morte!)
Que faz temer tão triste mocidade,
Para poupar-me descarrega o corte.

Souza Caldas


Souza Caldas (Antônio Pereira de S. C.), sacerdote, poeta e orador sacro, nasceu no Rio de Janeiro, RJ, em 24 de novembro de 1762, e faleceu na mesma cidade, em 2 de março de 1814. É o patrono da Cadeira nº 34, por escolha do fundador Pereira da Silva.


Era filho do comerciante Luís Pereira de Sousa e de Ana Maria de Sousa, portugueses, os quais, percebendo no filho a vocação para as letras, tudo fizeram para que florescesse. Aos oito anos de idade, e já evidenciando uma saúde frágil, foi mandado a Lisboa, aos cuidados de um tio. Foi matriculado no curso de Matemática (1778), de que se... Leia mais aqui:


 

10 comentários:

  1. Linda escolha, belo soneto! abração,m chica e tudo de bom!

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  2. Já não de fazem sonetos como antigamente, meu caro Rosemildo!
    É certo que o soneto é o estilo de poesia de que mais gosto (e que considero muito difícil de conseguir com qualidade)... mas este que você escolheu é particularmente belo.
    Obrigada pela partilha.
    Beijinhos
    Mariazita

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  3. Excelente Soneto de Souza Caldas a "contar" a sua vivência.
    Belíssima escolha, Amigo.

    Abraços


    SOL

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  4. Mais uma belíssima partilha!
    Parabéns pelo bom gosto e informações eficazes!

    Beijos e bom dia pra você!

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  5. Um belo e rico soneto. Foi com eles meu primeiro contato com a poesia. Gostei muito de sua escolha. Abraço.

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  6. Mais uma bela escolha. Gostei de conhecer mais um soneto.
    Boa noite a vc, Rosemildo, e aos seus,
    Renata

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  7. Olá amigo
    Esses sonetos na maioria das vezes são carregados de tristezas e lamentos, mesmo assim são bonitos.
    Abraço

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  8. Lindos sonetos, já li poetas de séculos passados e uma das características era a melancolia e tinham saúde frágil.Textos melancólicos mas não menos lindos .Abraço

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  9. Estou muito feliz em poder
    passar no seu blog hoje depois
    desse afastamento ..
    Saudades..muitas me perdoe não
    comentar sua magnifica postagem,
    porém li e estou levando no meu coração...
    Acredite você é muito importante
    na minha vida.
    Desejo um abençoado final de semana.
    Beijos no coração.
    Evanir.

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  10. Olá Furtado!
    Aqui estou novamente depois de umas merecidas férias, e que bom ser recebida com este belo soneto que apresentas. Desconhecia o poeta, e aprecio sobremaneira este tipo de soneto profundo e cortante em relação, ao sofrimento, à idade, à morte como sossego.
    Gostei muito. Um soneto muito tocante.
    Espero que esteja tudo bom por aí.
    xx

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