sexta-feira, 19 de setembro de 2014

O cão.


O CÃO

Nada mais próximo da morte: o cão
dormindo na calçada. Na medula
do sonho se mantém, e não se anula
ao modo de mosaico, ralo e chão,

sobre cuja epiderme, alto-relevo,
desenha a sua sombra, que o ocupa
como a tudo que a morte desocupa
acentuando o cárcere e o relevo.

Por entre as coisas próprias de uma rua
persiste indecifrável, pelo, instinto,
e sempre distinguido do comum

quando a morte o constrói e o faz nenhum,
a figura do cão, só, no recinto
do sono transbordante em que flutua.

Cláudio Mello e Souza 
  
Rio - Em janeiro deste ano, um diagnóstico de leuc

emia levou Cláudio Mello e Souza, um dos jornalistas mais conhecidos do país, a ficar internado desde então no hospital Copa d'Or, a poucas centenas de metros do seu apartamento, na Rua Santa Clara. Durante os sete meses de luta contra a doença, o jornalista não escondia sua preocupação com a conclusão de seus dois últimos projetos: um livro de entrevistas sobre o escritor português Eça de Queiroz - uma de suas grandes paixões - e a biografia do ex-governador da Guanabara Carlos Lacerda de quem foi amigo... Leia mais aqui: 


11 comentários:

  1. Interessante esse olhar do cão sob esse prisma.
    Mais um que nesse ano se foi! Abração ,tudo de bom,chica

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  2. Gostei muito deste poema e de saber sobre o seu autor, que eu não conhecia.
    Abraço,
    Renata

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  3. Um poema sobre o cão,bem original, deste jornalista escritor que infelizmente não conseguiu vencer a doença.
    Uma bela escolha, muito representativa, em jeito de homenagem.
    xx

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  4. Eu gosto de ver os cachorros dormindo, são tão tranquilos e relaxados.
    Escritor novo, eu tb não o conhecia.

    Um lindo fds pra vc =)

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  5. Adorei esta poesia, tanto que me
    atrevo a pedir autorização para
    colocar num dos meus blogues.
    Quando o amigo fizer uma visita
    o dirá.
    Obviamente que colocaria com os
    devidos créditos.
    Bom fim de semana.
    Bj.
    Irene Alves

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  6. Deitado na calçada medula,
    o cão, está sujeito a ser atropelado
    com fome, vaguendo pela rua
    torna-se vadio o cão abandonado!

    Tenha amigo Furtado,
    um bom fim de senama, um abraço.
    Eduardo

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  7. Meu amigo esse poema não
    conhecia .
    Hoje da pena de ver quantos
    cães morrem nas calçadas abandonados pelo dono .
    Um abraço e um abençoado final
    semana.
    Beijos .
    Evanir.

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  8. Gostei do poema, é magnífico.
    Excelente escolha.
    Bom fim de semana, caro amigo.
    Abraço.

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  9. Lindo poema. Gosto muito de ver os cães a dormir calmamente.
    Beijinhos
    Maria

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  10. Nunca havia lido um poema sobre essa temática. Um homem brilhante seu autor. Valeu a partilha. Abraço.

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