quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Dor.

      

DOR

Bebe. O vinho do estilo te consola.
Para beber, não poupes sacrifícios,
que este tem, dentre todos os teus vícios,
a equivalência da melhor esmola.

Enquanto o pranto de teus olhos rola,
e em teu rosto se notam os indícios
dos mais negros e atroz malefícios,
teu coração, sobre o papel, imola.

Deu-te a Bruxa da Vida este destino.
Vens do Nada, e, no eterno torvelino,
ao mesmo Nada tornarás, em breve.

Vamos, Fantoche, Títere de argila,
sob o peso da dor, que te aniquila,
curva a cabeça, desgraçado, escreve.

Martins Fontes
 

Leia mais um belo soneto e um resumo da biografia do autor aqui:

6 comentários:

  1. Não sendo (o vinho) a solução para o problema da dor, dá aso á criação dum Poema magnífico.
    Uma boa escolha, Amigo.




    Abraços



    SOL

    ResponderExcluir
  2. INtensa e forte dor que o fez tão bem escrever... Agora um segredo> enquanto aqui escrevo o comentário, sofro de uma enorme dor: hoje cedinho fui me abaixar para cuidar da CUCA e fiquei... Deu um creeeeek e nem podia respirar direito.Ainda doi, mas bem melhor.Agora, sentadinha, quieta, por força...É o preço da idade,rs abração,chica

    ResponderExcluir
  3. Belo soneto, Rosemildo.
    Tenho um bom dia junto aos seus.
    Abraço,
    Renata

    ResponderExcluir
  4. Um poeta muito interessante, e este soneto é fortíssimo, doloroso.
    Até gostei mais do outro soneto!
    xx

    ResponderExcluir
  5. Adorei este poema amigo.
    Um dia destes li que já ninguém
    liga à poesia, mas na Net há tanta
    poesia e tanta gente no presente
    a escrever maravilhosamente bem.

    Sugiro uma visita a um blogue:
    http://rosasolidao.blogspot.pt
    é madrinha de um dos meus blogues
    e é uma poetisa que eu muito admiro: Rosa Maria
    Bj. e desejo que esteja bem.
    Irene Alves

    ResponderExcluir