sábado, 5 de julho de 2014

A flor da decadência.

 


A FLOR DA DECADÊNCIA

Sou como o guardião dos tempos do mosteiro!
Na tumular mudez dum povo que descansa,
As criações do sonho, os fetos da esperança
Repousam no meu seio o sono derradeiro.

De quando em vez eu ouço os dobres do sineiro:
É mais uma ilusão, um féretro que avança...
Dizem-me – Deus... Jesus... outra palavra mansa
Depois um som cavado – a enxada do coveiro!

Minh'alma, como o monge à sombra das clausuras,
Passa na solidão do pó das sepulturas
A desfiar a dor no pranto da demência.

– E é de cogitar insano nessas cousas,
É da supuração medonha dessas lousas
Que medra em nós o tédio – a flor da decadência!

Fontoura Xavier

Antônio Fontoura Xavier nasceu em Cachoeira do Sul, interior do estado do Rio Grande do Sul, em 07 de julho de 1856, filho de Gaspar Xavier da Silva e Clarinda Amália da Fontoura Xavier. Estudou Humanidades no Rio de Janeiro de 1870 a 1873. Iniciou em 1874, no Rio de Janeiro, o curso de Engenharia, mas acabou... Leia mais aqui: 

7 comentários:

  1. Oi Rosemildo.

    Que bela e triste poesia.
    Obrigada pelo carinho
    Amanhã será só amor.kkkk
    Beijos
    Lua Singular

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  2. Muito linda essa poesia desse gaúcho... Gostei! abração,lindo e feliz fds! chica

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  3. Muito bom o soneto, que é a minha forma poética preferida.
    Querido Poeta, boa semana a si e aos seus.
    Abraço,
    Renata

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  4. Vou ter muito que ler e estudar: não domino esta ausência de conhecimentos sobre tão grandes Poetas, como os que vais apresentando.
    Magnífico Soneto.


    Abraços



    SOL

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  5. Um intenso e belo poema, não conhecia o poeta, obrigado pela pratilha.
    Beijinhos
    Maria

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  6. Oi Rosemildo,
    Nem fala em mortes, quero viver muito, pois já enterrei muitas pessoas amadas e não tenho mais lágrimas para debulhar.
    Uma linda noite
    Beijos
    Lua Singular

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