sábado, 29 de novembro de 2014

O desenlace.

 
O DESENLACE

O arcanjo da morte, pairando medonho,
brandira no ar sua foice fatal!
Luisinha abre os olhos! acorda dum sonho,
e a mãi vê tingida da côr sepulcral!

O rosto gentil de macío amaranto
ao frio cadaver ainda colou...
Recúa assustada... rebenta-lhe o pranto,
mortal palidez sua face inlutou.

Correu desvairada os caminhos da aldeia,
chamando sua mãi e cantando o seu mal...
mas quando chagaram as horas da ceia,
findara o seu giro, do albergue ao portal.

Fechada era a porta !... Em lençol mortuario
involta a mãi cara, levara-lh'a alguém...
Distante gemia o feral campanario,
e a pobre louquinha gemia tambem.

Cândido de Figueiredo
 

Poeta, romancista, crítico literário e jornalista, António Cândido de Figueiredo formou-se em Direito, após ter abandonado o seminário de Viseu, onde concluiu o curso de Teologia. Exerceu advocacia e notariado, a par com a actividade de jornalista, tendo sido secretário da Associação de Jornalistas e Escritores Portugueses na década de 80 do século XIX. Ficou também conhecido como filólogo, tendo editado, em 1899, o “Novo Dicionário da Língua Portuguesa”, e também obras de gramática.

Ocupou diversas funções públicas, entre as quais inspector das escolas do distrito de Coimbra e, mais tarde, de presidente da... Leia mais aqui:

10 comentários:

chica disse...

Linda poesia e acredito que esse também não tinha lido por aqui! Gostei! abração, ótimo fds! chica

chica disse...

Linda poesia e acredito que esse também não tinha lido por aqui! Gostei! abração, ótimo fds! chica

RENATA CORDEIRO disse...

Não conhecia o autor poeta, só filólogo e gostei muito.
Abraço*

Edum@nes disse...

O desenlace,
porque irá ela embora
seria melhor se ficasse
com quem dela gosta,

Porque talvez,
ela pense de outra maneira
se ninguém mal lhe fez
também não há choradeira!

Bom fim de semana amigo Furtado, um abraço.
Eduardo.

José María Souza Costa disse...


Olá.
Afinal, para onde vão as pessoas ?
Por que elas, têm que ir ?

Desejos de um bom fim de semana

Laura Santos disse...

Um poema muito profundo e triste, de um poeta do qual já tinha ouvido falar mas nunca tinha lido nada.
Obrigada por dares a conhecer este poeta da zona de Viseu.
Bom fim de semana!
xx

AdolfO ReltiH disse...

PARA REFLEXIONAR.
UN ABRAZO

MARILENE disse...

Vamos lendo e acompanhando a dor. Um poema triste, mas muito bem escrito. Mais um de seus preciosos presentes. Nada havia lido, antes, do autor. Abraço.

SOL da Esteva disse...

A separação sempre doeu. Poema belo a tornar macia a dor.



Abraços


SOL

Rosa Mattos disse...

Uma estilo de escrita admirável.Belo e melancólico.

abraços/Boa semana!