sábado, 16 de agosto de 2014

Chôro de vagas.

   

CHÔRO DE VAGAS

Não é de águas apenas e de ventos,
no rude som, formada a voz do Oceano:
em seu clamor – ouço um clamor humano,
em seus lamentos – todos os lamentos.

São de náufragos mil estes acentos,
estes gemidos, esse aiar insano;
agarrados a um mastro, ou tábua, ou pano,
vejo-os varridos de tufões violentos;

vejo-os, na escuridão da noite, aflitos,
bracejando, ou já mortos e de bruços,
largados das marés, em ermas plagas...

Ah! Que são deles estes surdos gritos,
este rumor de preces e soluços
e o choro de saudade destas vagas!

Alberto de Oliveira 

Leia mais um belo soneto e a biografia do autor aqui:

6 comentários:

RENATA CORDEIRO disse...

Belo soneto!
Abraço e bom fim de semana,
Renata

Daniel Costa disse...

Rosemildo

Estamos, de novo, sobre um belo soneto. Aliás a tua sensibilidade poética, é já por demais evidente.
Abraços

Laura Santos disse...

Belíssimo soneto!
Adoro os sonetos nos quais a Natureza personifica toda a espécie de sentimentos humanos, neste casa o oceano com os seus gritos , lamentos e saudade nas suas vagas.
Gostei muito.
xx

Lua Singular disse...

Oi amigo
Triste poesia, almas no mar!
Mas a poesia e espetacular como sempre as que coloca aqui
Beijos no coração
Lua Singular

AdolfO ReltiH disse...

MELANCÓLICO, PERO BELLO TEXTO.
UN ABRAZO

LUCONI MARCIA MARIA disse...

Escolheu um belo soneto de Alberto Vagas para conosco compartilhar, gostei muito, forte, triste, belo. abraços Luconi