domingo, 4 de maio de 2014

Segundo Movimento.

 
 

SEGUNDO MOVIMENTO

Mas vem o amor, o amor que faz tão doce
o travo em que circula à flor do instante,
e entre resíduos vai como se fosse
suficiente, plácido e constante...

Mas se o amor é muito mais cortante
e em lâmina tão leve disfarçou-se
que por melhor alar seu golpe pôs
cintilações de ganho em cada instante.

E a alma se insurge, cobra o amor que abrande
seu ginete malsão tonto de posse,
esse peso de corpo que a alma torce

e não doma, esse breve, esse bastante
soluço da vontade no imperfeito –
mas a alma cede, a alma sucumbe ao peito...

Bruno Tolentino
Bruno Lúcio de Carvalho Tolentino (Rio de Janeiro, 12 de novembro de 1940 – São Paulo, 27 de junho de 2007) foi um poeta brasileiro. Nascido numa tradicional e rica família carioca, conviveu desde criança com intelectuais e escritores, entre eles Cecília Meireles, Manuel Bandeira, Carlos Drummond de Andrade e João Cabral de Melo Neto. Foi ensinado a falar francês e inlês antes mesmo de se alfabetizar no português. Seu avô foi conselheiro do Império e fundador da Caixa Econômica Federal. Saiu do Brasil em 1964, mudando-se para a Europa, onde viveu por mais de 30 anos, tendo trabalhado com o poeta inglês W. H. Auden, e convivido... Leia mais aqui: 

Visite também: 

3 comentários:

chica disse...

Mais uma escolha das tuas, sempre boas! abraços, lindo domingo! chica

Lua Singular disse...

Oi amigo,
Esse poeta escreveu tão bem suas emoções e morreu novo!
Linda a poesia
Beijos
Lua Singular

AdolfO ReltiH disse...

UN POEMA MUY SIGNIFICATIVO. GRACIAS.
UN ABRAZO