sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Espelho.


  ESPELHO

Para fechar sem chave a minha sina
Clara inversão da jaula das palavras
As vestes da sintaxe que componho
De baixo para cima é que renovo.

Escancarando um solo transmutado
Para o sol da surpresa nas janelas
Ao mesmo pouso de ave renascida
Do fim regresso fera não domada.

Na duração que ocorre nessa arena
Lambendo vem pressa em que me aposto.
Nessa voragem, vaga um mar de calma

Que me alimenta os ossos da memória.
Sobrada sobra, cinza dos minutos,
O que sobrou de mim são essas sombras.

Aníbal Beça

Leia mais um belo soneto e a biografia do autor aqui:

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3 comentários:

chica disse...

Espelho...Quanto podemos ver neles...Lindo soneto mais uma vez bem trazido! abração e adorei te ver na Anne! Lindo fds! chica

Wanderley Elian Lima disse...

Muitas vezes o espelho nos mostra uma realidade que fingimos não existir.
Abraço

Anne Lieri disse...

Que soneto comovente!Gostei muito e tem poesia sua lá no meu Recanto tb!bjs,