domingo, 10 de julho de 2011

À sua velhice.


À SUA VELHICE

Meu corpo assaz tem sido espicaçado
Com buídos punhais, por mão da Morte,
Que arrebatado tem, da minha corte,
Grande rancho de quanto tenho amado.

Não me poupa a cruel no triste estado
Do caduco viver da minha Sorte:
Quando era vigoroso, moço forte,
Suportava com mais valor meu Fado.

Então as minhas ásperas feridas
Não tinham para mim tardias curas,
Porque o Tempo receitas tem, sabidas.

Mas velho e c'o vapor das sepulturas,
Como posso curar as desabridas
Chagas, das minhas novas amarguras?

Francisco Joaquim Bingre


Francisco Joaquim Bingre, poeta arcádico e pré-romântico português, nasceu em Canelas, Estarreja no dia 9 de julho de 1763, filho de Manuel Fernandes natural da mesma freguesia e de Ana Maria Clara Hebinger, natural de Viena de Áustria. Famoso em vida na sociedade portuguesa, veio a ser quase olvidado nos séculos seguintes.

Embora nascido em Canelas, cedo rumaram os seus pais a Lisboa a fim de participar nos negócios de seus parentes alemães ali instalados. Na capital realizou os seus estudos, durante os quais ficou patente a sua preferência por temas literários e o seu pouco apreço por temas técnicos e económicos. Dedicou a melhor parte das suas energias de juventude às tertúlias com a sociedade literata do seu tempo, em prejuízo da gestão dos negócios familiares. Dotado de uma capacidade de improvisão notável, facilmente se excedia não havendo naquele tempo outeiro, serenata ou função para que não fosse convidado na companhia de Manuel Maria Barbosa du Bocage e outros poetas da Nova Arcádia. Despendeu a segunda metade da sua longa vida na vila de Mira, no distrito de Coimbra, entre 1801 e 1834. Aí exerceu as funções de escrivão do Juízo, câmara e tabelião. Morreu aos 93 anos no dia 26 de Março de 1865, famoso entre os seus contemporâneos letrados, mas afligido por grandes dificuldades económicas. Encontra-se sepultado no jazigo mirense dos Bingre do Amaral, seus descendentes directos.

Fonte: Wikipédia.

7 comentários:

Pena disse...

Precioso Amigo:
Dá vida a um assunto com magia e fabuloso versejar.
Preocupa-se com as pessoas e, isso, é sublime.
Parabéns pela sua imensa significação humana de enorme grandeza humana. Excelente pesquisa.
Bem-Haja, pela sua amizade que me honra imenso.
Abraço amigo de respeito pelo extraordinário Ser Humano que é signica para todos nós.
Sempre a admirar o que concebe com talento profundo e genial.

pena

Adorei.
Bem-Haja, poeta fantástico.

Unknown disse...

Sabe meu amigo,
não vai demorar muito estarei eu exalando pelos poros poemas como este. É claro que não será assim desse calibre, mas algo dorido do que me vai dentro, perante tanta amargura que venho sentindo...

Belíssimo poema, o que vai na'lma de um ser como esse que tanto já viveu um dia e pesada cruz carregou...

Bom dia pra ti

Vi passarinhos se recolherem no fim
da tarde, de ontem e hoje eu os vejo
acordar, erguendo asas aos céus
em plenitude distante...
Horas que não sei contar, porque já não sou menina como antes.
É o viver tentando me alertar o que segue nessas jovens mentes delirantes...

Abraços

Livinha

Everson Russo disse...

Fortissimo poema...abraços de boa semana pra ti amigo.

Anônimo disse...

Precioso poema....mas parece meio triste....pq é real....

bjo e muito carinho Furtado...


Zil

Sandra disse...

É com muito carinho que venho retribuir a sua vinda. Fico muito feliz com a sua amizade.
Os amigos são jóias raras, principalmente no palco da vida. Elas estam sempre a brilhar. Obrigada pela sua companhia.
Curiosa e demais blogs agradecem.
Não esquece de que a vida é bela pelo simples fatos de existir e nos dar a chance de refletir sobre ela.
Crinhosamente,
Sandra

Tais Luso de Carvalho disse...

Dolorido e real. Mas que fazer se sabemos do futuro? Uns conseguem trilhar uma longa caminhada como se fosse infinita; outros, trilham sabendo de sua triste e real finitude. O meio termo não existe, que pena.

Este tema é sempre uma agonia...
Um beijo pra você, amigo.
Tais Luso

ONG ALERTA disse...

Forte...um dia tudo termina, beijo Lisette.