sábado, 16 de julho de 2011

A cidade bela.


A CIDADE BELA

Quanto é bela Ulisseia! E quanto é grata
Dos sete montes seus ao longe a vista!
Das altas torres, pórticos soberbos
Quanto é grande, magnífico o prospecto!

Humilde e bonançoso o flavo Tejo,
Sobre areias auríferas correndo,
As praias lhe enriquece, as plantas beija.
Quão denso bosque de cavalos pinhos
Sobre a espádua sustenta! Do Oriente
Rubins acesos, fugidas safiras,
E da opulenta América os tesouros,
Cortando os mares líquidos, trouxeram.

Nela é mais puro o ar; e o Céu se esmalta
De mais sereno azul. O Sol brilhante,
Correndo o vasto Céu, se apraz de vê-la.
E quase se suspende, e, meigo, envia
Sobre ela o raio extremo, quando acaba
A lúcida carreira, a frente de ouro
No seio esconde das cerúleas ondas.

José Agostinho de Macedo


José Agostinho de Macedo foi um poeta português, nascido a 11 de setembro de 1761, em Beja, e falecido a 2 de outubro de 1831, em Lisboa. Filho de um ourives, estudou em Lisboa com os oratorianos e professou em 1778 na Ordem dos Eremitas de Santo Agostinho, no convento da Graça em Lisboa, sendo expulso em 1792 pelo facto de os superiores o considerarem "contumaz e incorrigível". Teve um curso acidentado, uma vez que, desobedecendo às regras devido ao seu feitio atrabiliário, foi consecutivamente mudado de convento. Chegou mesmo a agredir alguns irmãos em religião e até a transpor as paredes das casas religiosas em que viveu.

Turbulento e sem escrúpulos, Macedo foi várias vezes acusado e condenado pela Justiça por desmandos e roubos. Obteve, por fim, a despensa dos votos monásticos, mas destacou-se entre os mais célebres oradores do seu tempo, alcançando os seus sermões grande notoriedade na época. 

Pregador na Corte, deitou mão das influências e proteções para atacar os seus inimigos políticos, entre os quais se salientam Bocage e Almeida Garrett a quem causou entrada no Limoeiro. Ingressou na Nova Arcádia, onde entrou em quezílias com Bocage, e veio mais tarde a pertencer à Arcádia de Roma, sob o nome de Elmiro Tagideu.

A sua atividade de satírico e panfletário começou, nesta época, a sentir-se na impiedosa sátira que dirigiu ao seu inimigo Bocage, a que este replicou com a famosa Pena de Talião na agressão em verso a Pato Moniz e na obra Os Burros, que satirizava os seus confrades.

Inicialmente, as leituras francesas tê-lo-iam contaminado das ideias do Iluminismo mas, após as invasões francesas, exercitou os seus dotes de polemista, atacando e denunciando Voltaire, Rousseau, toda a corte dos "pedreiros livres" ou jacobinos. Iniciou o seu canto à Ciência, envolvendo-a num manto teológico e absolutista e numa anglofilia, cujo símbolo máximo era Newton. As suas contradições ideológicas levaram-no a aderir à Revolução de 1820, em que participou com virulência no ataque aos liberais através de publicações soltas ou periódicas como A Besta Esfolada (1828-29), A Tripa Virada (1827), Tripa por uma vez, O Desengano (1830-31), etc.

Ex-frade de conturbada vida privada, Macedo tornou-se o execrado Procustes da Real Mesa Censória, não se limitando a eliminar as obras ou passagens adversas ao absolutismo, pois obrigava os autores a tecerem a crítica da sua obra, estampada no livro.

Na política como na literatura, José Agostinho de Macedo revelou uma fraca solidez de opiniões e uma instabilidade que ia a par de um carácter colérico, rebelde e instável. Pretenso Moderno de audaciosa novidade, o autor viveu numa época de convulsões políticas e transição literária dos árcades para o Romantismo que despontava. A sua exibição febril e sem pudor dá-lhe uma aparência de pré-romântico e o que o valoriza é quase apenas a grandeza da ambição e da conceção, uma vez que só em teoria ele antepõe a inspiração às regras.

Destaca-se ainda como introdutor da poesia naturalista, descritiva e científica entre nós, tendo-a colocado acima dos poemas épicos clássicos. Repudiou totalmente o uso da mitologia pagã e censurou o culto que os árcades, como Filinto Elísio, tinham pelos quinhentistas e atacou o gosto pelos efeitos do vocabulário e preocupações de estilo.

Fonte: Infopédia.






5 comentários:

Everson Russo disse...

Um belo sábado de poesia pra ti meu amigo...abraços.

Andradarte disse...

Não conhecia...Estranha forma de escrever, dando a impressão que vai
do fim para o princípio...
Vou procurar, para ver com calma..
Abraço

Flor de Lótus disse...

Olá, Rosemildo!Toda cidade tem sua beleza basta que estejamos atentos para percebê-la.
Um ótimo fim de semana!
Beijosss

doces abobrinhas disse...

Tbem acho q. temos q. estar atentos, cada olhar é único!
um bj doce e apareça nas abobrinhas, adorei chegar aqui! ja me instalei!
roberta
www.docesabobrinhas.com

Anônimo disse...

Prezado amigo
Obrigada pelo seu apoio. Pois como eu sempre digo.
Com a sua presença,
Eu posso ir sempre mais além,
mas com sua ausência,
eu não serei ninguém.
Tem um selinho para você no meu cantinho
Que eu fiz com muito carinho.
Pode ir lá pegar se desejar.
Abraço Fraterno
Maria Alice