sexta-feira, 22 de julho de 2011

Chuvoso maio.


CHUVOSO MAIO!

Deste lado oiço gotejar
sobre as pedras.
Som da cidade ...
Do outro via a chuva no ar.
Perpendicular, fina,
Tomava cor,
distinguia-se
contra o fundo das trepadeiras
do jardim.
No chão, quando caía,
abria círculos
nas pocinhas brilhantes,
já formadas?
Há lá coisa mais linda

que este bater de água
na outra água?
Um pingo cai
E forma uma rosa...
um movimento circular,
que se espraia.
Vem outro pingo
E nasce outra rosa...
e sempre assim!


Os nossos olhos desconsolados,
sem alegria nem tristeza,
tranquilamente
vão vendo formar-se as rosas,
brilhar
e mover-se a água...

Irene Lisboa


Irene do Céu Vieira Lisboa (1892-1958) nasceu no Casal da Murzinheira, Arruda dos Vinhos, e faleceu em Lisboa. Formou-se pela Escola Normal Primária de Lisboa e fez estudos de especialização pedagógica na Suíça, França e Bélgica, tendo contactado com Piaget, em Genebra.

Foi um dos nomes mais importantes da "escrita feminina" portuguesa do século XX. Estreou-se em 1926, com o livro de contos, 13 Contarelos a que se seguiram dois livros de poesia.

Também sob os pseudónimos de Manuel Soares e João Falco, é autora de uma vasta obra, pouco conhecida, que se reparte entre a ficção intimista e autobiográfica, a crónica, o conto (para crianças e adultos), a poesia, a pedagogia e a crítica literária.

Professora primária e pedagoga de grande mérito e activa intervenção cívica, era amiga de José Rodrigues Miguéis e foi colaboradora da Seara Nova.

A sua escrita é, por vezes, considerada como inserindo-se no "saudosismo", tendência da literatura portuguesa que radica na obra de Teixeira de Pascoaes e no grupo da Renascença Portuguesa e que se mantém relativamente à margem das correntes estéticas suas contemporâneas. No entanto, a sua sensibilidade crítico-poética é difícil de encaixar seja em géneros convencionais, seja em correntes literárias conhecidas.

De todas as escritoras suas contemporâneas, Irene Lisboa é, sem dúvida, aquela que recebeu maior reconhecimento crítico, nomeadamente de José Régio, João Gaspar Simões e Vitorino Nemésio. No entanto, a sua obra não pareceu merecer grande popularidade junto do grande público.

Mais recentemente, a memória de Irene Lisboa permanece em numerosas ruas, avenidas e pracetas com o seu nome, bem como em homenagens que lhe são frequentemente prestadas por escolas e institutos portugueses.

Fonte: http://www.mulheres-ps20.ipp.pt/

6 comentários:

Magia da Inês disse...

Amigo,
Que suavidade... essa poesia é muito musical.
Boa sexta-feira!
Beijinhos.
Minas.
°º✿
º° ✿✿♥ ° ·.

chica disse...

Linda poesia!um abraço,tudo de bom,chica

Everson Russo disse...

Um cenario perfeito de amor e nostalgia...abraços de bom final de semaan...

Anônimo disse...

Estou conhecendo aqui essa poetisa...

fico grata a vc por mais esse tesouro...

deixo meu carinho pra vc Furtado...


Zil

Anônimo disse...

EXCELENTE TEXTO. GRACIAS POR COMPARTIR.
UN ABRAZO

Anônimo disse...

Boa Noite caro amigo.
Que linda poesia!
Que fala da chuva fina caindo na aguá, é linda a magia da natureza!
Gostei de saber mais sobre meu pais Natal e seus escritores!
Tenha um bom Final de semana
Abraço Fraterno!
Maria Alice