sexta-feira, 15 de abril de 2011

Chovia simplesmente.


CHOVIA SIMPLESMENTE

Saí...
E meu corpo sacudiu estonteante
Ao embate do vento
E da chuva na pele
Sangrava violentamente o espírito desesperado
Que lutava pelo escasso espaço a circular pelas artérias,
Lutava para me manter à tona.
Os pulmões vomitavam os sons lindos da morte.

Estava a morrer
Enquanto o mundo fugia devagar
Por toda aquela maré.
Já todos tinham ido embora,
Tinham todos fugido da chuva
E do vento
Gritando os nomes sonantes dos parentes
Já falecidos lá longe pelas velhas matas do Maiombe.

Estava a morrer,
Mas ecoei os ecos dos mortos
Enquanto lutava para chegar ao único sítio
Onde seria feliz
à sombra da minha árvore.

Despertei,
Não choveu
Eram as lágrimas de uma criança que me molhavam.

Ana Dias Branco


Ana Maria José Dias Branco, nasceu a 24 de Maio de 1967, no município de Lucapa, província da Luanda Norte.

Fez os estudos primários no colégio de Madres, Sagrado Coração de Maria, em Anadia – Coimbra, Portugal e os estudos Secundários na Escola Secundaria de Albergaria- a- Velha, Aveiro, Portugal e ainda o Curso de Química, feito no então Instituto Karl Marx, hoje IMIL (Instituto Médio Industrial de Luanda) e o Curso de Ciências Sociais no PUNIV - Luanda.

Vencedora do Prémio Literário António Jacinto, em 1997 com a obra "Meu Rosto Minhas Mágoas" e nomeada ao Prémio Galax 97, na categoria de escritor do ano. Ana Maria Branco, representa a poesia feminina Angolana na Antologia da Poesia Feminina dos PALOP. Tem para edição as obras: "Maria a Louca da Janela" (conto), "A princesa Cioca" (conto infanto juvenil). "O Livro" (poesia), "As Mãos de Deus e do Diabo" (prosa), "O bico da Cegonha" (poesia) "A Despedida de Mi" (poesia por acabar).

É membro da União dos Escritores Angolanos desde 1997, onde já fez parte da sua direcção.

Fonte: http://blogdealbergaria2.blogspot.com/

7 comentários:

chica disse...

Linda e emocionante postagem,cm essa poesia! abraços,ótimo fds!chica

Carla Fernanda disse...

Tem momentos que voltam e a gente revive emoções como se fossem novas, na ordem do dia. O inconsciente não reconhece o tempo Rosemildo.
Lindo poema!!
Beijos!
Carla

Everson Russo disse...

Chuvas da alma,,,do coração...abraços de bom final de semana pra ti amigo...

Wanderley Elian Lima disse...

As vezes os sonhos são tão reais, que ao despertarmos não acreditamos que era só sonho.
Bom fim de semana
Abração

Andradarte disse...

Os sonhos por vezes...nos assustam...
Abraço

Magia da Inês disse...

º°♥.¸Olá Amigo!.•✿♫°

Forte e angustiante.
Sonho ou pesadelo?

Bom fim de semana!
Beijinhos

¸¸.•´*✿♫°`•.¸¸
°♥•° Minas °•♥°
♥♥ •.¸¸¸¸.•´º°

Flor de Lótus disse...

Oi,Furtado!A chuva serve para lavar a alma muitas vezes,para nos purificar...
Beijosss