segunda-feira, 28 de março de 2011

Poema.


POEMA

Talvez um dia
Quem sabe!...

Sim
talvez um dia...
pedra jogada
a nossa gaiola de vidro
e para nós
a fuga
além fronteira do mar.

Talvez arrebente um dia
o búzio dos mistérios
no fundo do mar
e mais um vulcão venha a tona
— dez vinte
mil vulcões — Quem sabe!...
e as ilhas fiquem derretidas:
Estranha alquimia
de montes e árvores
de lavas e mastros
de gestos e gritos.

Talvez um dia
onde é seco o vale
e as arvores dispersas
haja rios e florestas.
E surjam cidades de aço
e os pilões se tornem moinhos.

Ilhas renascidas
nuvens libertas...
Talvez um continente
À medida dos nossos desejos.

Sim
Talvez um dia...
Quem sabe!

Arménio Vieira


Arménio Vieira nasceu na Praia, ilha de Santiago, em 29/01/1941. Foi integrante da geração dos anos 1960 da poesia cabo-verdiana. Geração marcada por uma poesia marcada pela revolta e combate ao governo colonial português, à época sob a ditadura salazarista.

Arménio Vieira escreveu quatro livros, dois de poemas e dois romances, respectivamente, “Poemas” e “Mitografias e “O eleito do sol” e “No inferno”, fora vários outros textos publicados de forma dispersa em revistas como "Fragmentos", "Boletim Imbondeiro" e "Vértice", sobretudo, em Cabo Verde.

O poeta foi recentemente galardoado com o Prêmio Camões. Pela primeira vez um autor de seu país atingiu tal reconhecimento, o que valerá para dar maior visibilidade à literatura de Cabo Verde.

Vieira foi um dos fundadores da revista Seló (1962), que seguia a proposta de publicar textos de cabo-verdianos para Cabo Verde fundamentada pela Claridade e por Certeza, marcos da literatura do arquipélago. Arménio participou com um poema no seu segundo e derradeiro número; não devemos estranhar a quantidade escassa de edições devido à forte perseguição que os opositores da ditadura sofriam, logo, qualquer manifestação com voltas à libertação das colônias era rapidamente sufocada.

Fonte: http://ricardoriso.blogspot.com/

9 comentários:

Carla Fernanda disse...

Bom dia Rosemildo!
Talvez um dia a gente aprenda a amar.
Carla Fernanda

Andradarte disse...

Há que acreditar no amor...Talvez um
dia...
Abraço

Everson Russo disse...

Talvez um dia,,,dessa nuvem de fumaça renasça o amor e a paz...abraços de boa semana pra ti amigo.

Lu Nogfer disse...

Nossa vida e cheia de:
Talvez um dia
Quem sabe...
E talvez um dia,quem sabe tenhamos certeza de algo!

Beijos amigo!

E otima semana!

Valéria lima disse...

Os últimos versos, quem sabe?

BeijooO*

Anônimo disse...

QUEDAN FLOTANDO MUCHAS INCOGNITAS. INTERESANTE ESCRITO.
UN ABRAZO

Anônimo disse...

ótima semana pro cê meu amigo!

Flor de Lótus disse...

Oi,Furtado!Lendo esses versos lembrei de versos,agora nãome recordo o autor "O Sertão vai virar mar e o mar vai virar Sertão" E do jeito que o ser humano vem maltratando a natureza isso não tá lá muito longe de acontecer.
Beijosss

Andri Alba disse...

Furtado, pero qué lindo poema nos has compartido. Perdona que hasta ahora no había venido a disfrutar de tu hermoso blog. Gracias por tu aprecio y tu presencia. Siempre me hace muy feliz.

Un abrazo fuerte para ti y los tuyos.

Andri