terça-feira, 28 de setembro de 2010

Amante da algazarra.


AMANTE DA ALGAZARRA

Não sou eu quem dá coices ferradurados no ar.
É esta estranha criatura que fez de mim seu encosto.
É ela !!!
Todo mundo sabe, sou uma lisa flor de pessoa,
Sem espinho de roseira nem áspera lixa de folha de figueira.

Esta amante da balbúrdia cavalga encostada ao meu sóbrio ombro
Vixe!!!
Enquanto caminho a pé, pedestre -- peregrino atônito até a morte.
Sem motivo nenhum de pranto ou angústia rouca ou desalento:
Não sou eu quem dá coices ferradurados no ar.
É esta estranha criatura que fez de mim seu encosto
E se apossou do estojo de minha figura e dela expeliu o estofo.

Quem corre desabrida
Sem ceder a concha do ouvido
A ninguém que dela discorde
É esta
Selvagem sombra acavalada que faz versos como quem morde.

Waly Salomão


Waly Dias Salomão (Jequié, 03 de setembro de 1943 – Rio de Janeiro, 05 de maio de 2003) foi um poeta brasileiro.

Era filho de sírio com uma sertaneja. Atuou em diversas áreas da cultura brasileira. Seu primeiro livro foi Me segura qu'eu vou dar um troço, de 1972. Em 1997, ganhou o Prêmio Jabuti de Literatura com o livro de poesia Algaravias. Seu último livro foi Pescados Vivos, publicado em 2004, após sua morte.

Foi letrista de canções de sucesso, como Vapor Barato, em parceria com Jards Macalé. Amigo do poeta Torquato Neto, editou seu único livro, Os Últimos Dias de Paupéria, lançado postumamente. Suas canções foram intérpretadas por Maria Bethânia, Caetano Veloso, Adriana Calcanhotto e Gal Costa, entre outros. Na década de 1960, participou do movimento tropicalista.

Nos anos 1990, Waly Salomão dirigiu dois discos da cantora carioca Cássia Eller. São eles Veneno AntiMonotonia (1997) e Veneno Vivo (1998).

Trabalhou no Ministério da Cultura, como assessor de Gilberto Gil, no início de seu mandato, e uma de suas propostas era a inclusão de um livro na cesta básica dos brasileiros.

Fonte: Wikipédia.

11 comentários:

Anônimo disse...

muy alegre escrito. me encanto.
un abrazo

Wanderley Elian Lima disse...

Bastante original, numa linguagem regionalista, mostra a grandeza de nossa cultura.
Abração

Unknown disse...

Nossos estados de impulsividade, quando não concordants das coisas que julgamos errado ou por não querermos ser mandados, obedientes as regras que não aprovamos nunca.
Anarquistas.
Qdo estudante fui uma aborrecente meio rebeldinha e detestava ser contrariada. Livinha já foi muito danada.
Hoje penso que me curei, pois ainda que meio constrangida qto as leis eu as aceito e penso que não estamos preparados nesta vida para sermos independentes, quando nem disciplinados somos.

Faz parte né mesmo.
Estamos crescendo...

Um belo dia pra ti

Bjs

livinha

Everson Russo disse...

Interessante a linguagem,,,bastante solta e descolada...abraços de bom dia pra ti amigo,,,

ítalo puccini disse...

wally salomão é uma alegria e uma belezura que só!

Valéria lima disse...

Sempre um encanto.

BeijooO

Sandra Gonçalves disse...

Gosto de vir aqui, porque aqui sempre encontro algo novo e sempre aprendo.
Bjos achocolatados

Sonhadora (Rosa Maria) disse...

Meu querido amigo
Venho deixar o meu carinho pela amizade e palavras que me deixou.
Estou melhor e o carinho que me dão aquece-me o coração.


Beijinhos com carinho
Sonhadora

Lou Witt disse...

Passando pra deixar o meu carinho!!!

Beijoooo

ONG ALERTA disse...

Cada região com sua característica bárbaro, beijo Lisette.

Paula Figueiredo disse...

Voltarei sempre também! Tens um espaço muito criativo e adorei o nome!
"Quem corre desabrida
Sem ceder a concha do ouvido
A ninguém que dela discorde
É esta
Selvagem sombra acavalada que faz versos como quem morde"

Meu exercício é justamente ceder a bendita concha aos discordantes. Não é fácil, mas é preciso! Abraço amigo! Voltarei sempre! Obrigada pela presença!
E continuemos a confiar na vida!