sexta-feira, 25 de junho de 2010

Vieram muitos...

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VIERAM MUITOS...

"A massambala cresce a olhos nus"

Vieram muitos
à procura de pasto
traziam olhos rasos da poeira e da sede
e o gado perdido.

Vieram muitos
à promessa de pasto
de capim gordo
das tranqüilas águas do lago.
Vieram de mãos vazias
mas olhos de sede
e sandálias gastas
da procura de pasto.

Ficaram pouco tempo
mas todo o pasto se gastou na sede
enquanto a massambala crescia
a olhos nus.

Partiram com olhos rasos de pasto
limpos de poeira
levaram o gado gordo e as raparigas.


Ana Paula R. Tavares


http://espacotempo.files.wordpress.com/2007/04/ana-paula-tavares.jpg


Ana Paula Ribeiro Tavares nasceu no Lubango, província da Huíla, a 30 de Outubro de 1952. Passou parte da sua infância naquela província, onde fez os seus estudos primários e secundários. Iniciou o seu curso de História da Faculdade de Letras do Lubango (hoje ISCED-Lubango), terminando-o em Lisboa. Em 1996 concluiu o Mestrado em Literaturas Africanas. Actualmente vive em Lisboa, onde lecciona na Universidade Católica de Lisboa, encontrando-se a fazer o seu doutoramento.

Sempre trabalhou ligada à área cultural, tendo actuado como profissional em diferentes áreas da cultura como a Museologia, Arqueologia e Etnologia, Património, Animação Cultural e Ensino. Participou em simpósios, congressos, comissões de estudo e elaboração de inúmeros projectos da área cultural. Foi Delegada da Cultura no Kwanza Norte, técnica do Centro Nacional de Documentação e Investigação Histórica (hoje Arquivo Histórico Nacional), do Instituto do Património Cultural.
É membro de diversas organizações culturais como o Comité Angolano do Conselho Internacional de Museus (ICOM), Comité Angolano do Conselho Internacional de Monumentos e Sítios (ICOMOS), da Comissão Angolana para a UNESCO. É também membro da UEA.

Tem poemas escritos em diversos jornais e revistas angolanos e internacionais como em Portugal, Brasil, Cabo Verde. As suas obras publicadas são: Ritos de Passagem (1985), O Sangue da Buganvília (1998), O Lago da Lua (1999).

A lírica de Paula Tavares reunida (incompletamente) em «Ritos de Passagem» coloca, logo desde esse título, o problema da feminilidade e, com ele, o problema de uma literatura feminina. Metaforicamente falando nos serve, também, para estudarmos a passagem da literatura ainda formada no regime colonial à de poetas amadurecidos após a independência do país. Mas, ao apelar para tradições locais (e do Sul, neste caso), o verso da Paula Tavares reinsere-se clara e assumidamente na linha de cruzamento dos discursos «ocidentais» (da Europa e Estados Unidos, em primeiro lugar) com os africanos.


Fonte: www.uea-angola.org

11 comentários:

Anônimo disse...

tremenda reflexión!!!!
un abrazo

Elaine Barnes disse...

Gostei da poesia que descreve o pasto, a chegada do gado,o desenvolvimento e a partida. Tem escritores que são tão perfeitos que conseguem viver do que escrevem pelo talento e reconhecimento. Fico encantada com esse dom. Adorei! Montão de bjs e abraços

Everson Russo disse...

Belissimo poema,,,vidas e vidas que procuram melhores condições....abraços de bom final de semana e um bom jogo pra ti.

Sandra Gonçalves disse...

E não é...Concordo com a Elaine em absolutamente tudo.
Belissimo poema.
Bjos achocolatados

Wanderley Elian Lima disse...

É sempre assim, em pouco tempo perde-se a esperança.
Grande abraço

Anônimo disse...

Querido Furtado...

Sempre excelentes poemas em seu blog, adoro voltar aqui...
Quero agradecer por sua gentileza constante em meu espaço...

Beijos carinhosos confesso...

Anônimo disse...

Furtado,que beleza de poesia escolheu!Muito comovente e lindíssima poesia!Abraços,

AFRICA EM POESIA disse...

Gostei muito da POESIA.
Um beijinho para ti e deixo-te algumas palavras.
beijos


APENAS PALAVRAS



As palavras ...
Saltammm...
Pulammm...
Gritammm...
Brincammm...


Entrelaçam-se...
E... fazem...
A alegria ...
De muita gente...
Gente que nunca...
Olhou palavras...
Nunca as sentiu...
E que nunca...
As quis ver...


Mas quando as olhou...
Viu como brincavam
Como dançavam...
Como se entrelaçavam...
E assim...
Aprenderam a gostar...
E a sentir...
O verdadeiro valor...
Das Palavras!...


LILI LARANJO

Graça Pereira disse...

Não conhecia esta poetisa angolana e devo dizer que encantou a minha alma de moçambicana. Lindissimo poema!
beijo amigo
Graça

Anônimo disse...

Adorei a forma como a poetisa descreveu seus cenários! E olha que eu não sou muito fã de poetisas...mas desta vez gostei!

Beijinhos e um lindo fim de semana!

Ira Buscacio disse...

Furtado,

Mais um poema escolhido a dedo. Lindo!
Bj grande e um bom fds