domingo, 27 de junho de 2010

Improvisado.

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IMPROVISADO

DERMINDA, esses teus olhos soberanos
Têm cativado a minha liberdade;
Mas tu cheia, cruel, de impiedade
Não deixas os teus modos desumanos.

Por que gostas causar dores e danos?
Basta o que eu sofro: tem de mim piedade!
Faze a minha total felicidade,
Volvendo-me esses olhos mais humanos.

Já tenho feito a última fineza
Para ameigar-te a rija condição;
És mais que tigre, foi baldada empresa.

Podem meus ais mover a compaixão
Das pedras e dos troncos a dureza,
E não podem abrandar um coração?

José Bonifácio

Publicado no livro Poesias Avulsas de Américo Elísio (1825).

http://www.diogochiuso.com/wp-content/uploads/2009/07/JB-porCalixto.jpg

José Bonifácio Ribeiro de Andrada Machado e Silva nasceu em Santos-SP, no dia 13 de  junho de  1763 e faleceu em Niterói-RJ, no dia 06 de abril de 1838. Formou-se bacharel em Leis e Filosofia Natural em Coimbra (Portugal), no ano de 1787. Prosseguiu os estudos até 1800, fazendo aperfeiçoamento em Química e Mineralogia com o cientista Lavoisier, entre outros; foi o descobridor de vários minerais novos. Professor de Geognosia da Universidade de Coimbra, criou a primeira cátedra de Metalurgia em uma universidade portuguesa. Nas duas décadas seguintes exerceu cargos de confiança na Coroa Portuguesa, como desembargador de relações e intendente da polícia. Ao voltar para o Brasil, foi nomeado encarregado da Pasta de Negócios do Reino e Estrangeiros por D. Pedro I, exercendo grande influência sobre o príncipe regente durante o processo de independência.

Em 1823, tornou-se proprietário, editor e colaborador no jornal de oposição O Tamoio; a indisposição para com o Imperador levou-o a ser preso durante a crise política que dissolveu a Assembléia Legislativa. Exilou-se em Bordeaux (França) até 1829; de volta ao Brasil, reconciliou-se com D. Pedro I, que o nomeou tutor de Pedro II e de suas irmãs menores. Publicou sua produção poética no livro Poesias Avulsas, em 1825. José Bonifácio, um dos homens públicos mais importantes do período imperial, produziu poemas de estética árcade, sob o pseudônimo de Américo Elísio.

De acordo com o crítico José Aderaldo Casteo, "o nome do poeta impõe-se como expressão significativa do seu momento, ilustra muito bem as três primeiras décadas do século XIX no Brasil. Independentemente da atuação do estadista, mas de qualquer forma com ela relacionada, a sua produção poética diz bastante das reações e sentimentos dos brasileiros nos anos que agitaram a consolidação da Independência do Brasil, a partir das radicais transformações determinadas entre nós pelas reformas de D. João VI."

Fonte: www.itaucultural.org.br

15 comentários:

♪ Sil disse...

Depois do que li, durmo de alma leve.

Belo demais.

Abraços Furtado!

Felina Mulher disse...

Sensível, original, retrato do "belo" em sua essência.

Beijos e um doce adormecer.

"Cantinho Poético" disse...

Porque eu fazia do amor um cálculo matemático errado: pensava que, somando as compreensões, eu amava. Não sabia que, somando as incompreensões é que se ama verdadeiramente

Clarice Lispector

Bom Domingo...Saudações poéticas! M@ria

Dino Calei disse...

olá espero que estejas bem ,.,., grade poeta, hoje aprendi um pouco dele.

Pena disse...

Fabuloso e Fantástico Amigo:
Já registei: José Machado e Silva.
Um nome a reter, pelo óbvio e visível de beleza num imenso génio da poesia admirável.
"...Podem meus ais mover a compaixão
Das pedras e dos troncos a dureza,
E não podem abrandar um coração?..."

Parabéns amigo extraordinário, um poema feito com o coração.
Perfeito, amigo.
Tudo aqui enebria de maravilha.
Abraço forte de uma amizade sincera.
Com constante admiração sincera.

pena

BemHaja, pelo talento que vive em si.
Gigantesco e enorme, amigo valioso.
Adorei.
É uma honra a sua amizade.
MUITO OBRIGADO!

chica disse...

Maravilha,Rosemildo! Bela escolha! abração,lindo domingo,chica

Elaine Barnes disse...

Puxa vida! Você é pura cultura! Não sabia que José Bonifácio era poeta. Caramba! E veja só como amor e dor fizeram parte da inspiração e sofrimento de muitos homens desde séculos passados. Quem não sofreu de amor que atire a primeira pedra! Montão de bjs e abraços

Everson Russo disse...

Um poema forte,,,cheio de desejos a amada,,,,abraços fraternos amigo e uma bela semana pra ti.

Sonia Parmigiano disse...

Furtado,

Voce sempre nos supreendendo...José Bonifácio tinha o seu lado Poeta?Muito bom saber e poder ler...
Maravilha!!!

Bela postagem, como sempre!!

Um grande beijo e ótima semana!!

Reggina Moon

Wanderley Elian Lima disse...

Esse poema é quase um lamento e um apelo de amor e dor.
Abração

Antònio Manuel disse...

Caro:

Furtado:

Fez um exlente trabalho!

E logo de Quêm:

José Bonifácio

Magnifico Escritor, Pôeta Homem de Letras:


Tenho o prazer de lhe ofrecer este texto do mesmo:

José Bonifácio

Ausência

Em Paris, no ano de 1790.

Pode o Fado cruel com mão ferrenha,
Eulina amada, meu encanto e vida,
Abafar este peito e sufocar-me!
Que pretende o Destino? em vão presume
Rasgar do meu o coração de Eulina,
Pois fazem sós um coração inteiro!
alma impressa,
Tu desafias, tu te ris do Fado.

Embora contra nós ausência fera,
Solitárias campinas estendidas,
Serras alpinas, áridos desertos,
Largos campos da cérula Amphitrite
Dois corpos enlaçados separando,
Conspirem-se até mesmo os Céus Tiranos.

Sim, os Céus! Ah! parece que nem sempre
Neles mora a bondade!

Escuro Fado
Os homens bandeando, como o vento
Os grãos de areia sobre a praia infinda
Dos míseros mortais brinca e os males
Se tudo pode, isto não pode o Fado!

Sim, adorada, angelical Eulina.
Eterna viverás a esta alma unida,
Eterna! pois as almas nunca morrem.

Quando os corpos não possam atraídos
Ligarem-se em recíprocos abraços,
(Que prazer, minha amada! O Deus Supremo,
Quando fez com a voz grávido o Nada,
Maior não teve) podem nossas almas,
A despeito de mil milhões de males,
Da mesma morte.

E contra nós que vale?

Do sangrento punhal, que o Fado vibre,
Quebrar a ponta; podem ver os Mundos
Errar sem ordem pelo espaço imenso;
Toda a Matéria reduzir-se em nada,
E podem ainda nossas almas juntas,
Em amores nadar de eterno gozo!


Publicado no livro Poesias Avulsas de Américo Elísio (1825).

In: BONIFÁCIO, José. Poesias. Edição fac-similiar da principe, de 1825, extremamente rara; com as poesias ajuntadas na edição de 1861, muito rara; com uma contribuição inédita. Rio de Janeiro: Publicações da Academia Brasileira, 1942. p.63-64. (Coleção Afrânio Peixoto

Tenha um Otimo Final de Domingo

E uma Semana cheia de realizações

Forte Abraço

Antònìo Manuel

Unknown disse...

Eu não conhecia esse lado poetico de José Bonifácio, porém nada me assusta, quando nesses corações da poesia, existem sofrimentos e curiosidades extremas de buscas do saber, de respostas entonteantes para tantas indagações. Ai onde despertam todos os sentidos, a sensibilidade grita tornando possível a busca para a compreensão de tudo, como até de uma simples pedra no caminho com algum ar diferente das outras pedras no chão.
Tudo por ventura do amor, das causas inebriantes do coração.


Maravilha meu amigo, sempre com belos poemas nos enriquecendo o espírito ainda tão vago na ignorância de ser...

Linda semana pra ti

bjs

Livinha

J Araújo disse...

Rosemildo, o blog é muito bom.

Anônimo disse...

Eu deixo aroma até nos meus espinhos,
ao longe, o vento vai falando de mim.

Cecília Meireles

Amor & Paz & Poesias na sua semana!
Beijos na alma.....M@ria

ONG ALERTA disse...

Lindo o fruto da vida, paz.
Beijo Lisette