sexta-feira, 12 de março de 2010

Beijos mortos.

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BEIJOS MORTOS

Amemos a mulher que não ilude,
e que, ao saber que a temos enganado,
perdoa por amor e por virtude,
pelo respeito ao menos do passado.

Muitas vezes, na minha juventude,
evocando o romance de um noivado,
sinto que amei outrora quando pude,
porém mais deveria ter amado.

Choro. O remorso os nervos me sacode.
E, ao relembrar o mal que então fazia,
meu desespero inconsolado explode.

E a causa desta horrível agonia,
é ter amado, quando amar se pode,
sem ter amado quanto amar devia.

Martins Fontes.

http://www.novomilenio.inf.br/cultura/culturaf/cult008b.jpg

Nascido em Santos, em 23 de junho de 1884, José Martins Fontes estudou na cidade natal, em Jacareí e no Rio de Janeiro (1901), onde alcançou o diploma de médico. A partir de 1906, exerceu a profissão no Rio, onde também fundou com Bilac a Agência Americana para propaganda de produtos brasileiros no exterior; depois se fixou em Santos (1915). Como médico e como homem, era verdadeira e profundamente amado pela população humilde de Santos e do litoral próximo. Em 1924 foi eleito para a Academia de Ciências de Lisboa; em 1930 acompanhou Júlio Prestes, presidente eleito, na viagem à Europa e aos Estados Unidos. Faleceu em Santos, em 25 de junho de 1937.

Tendo estudado medicina no Rio de janeiro, Martins Fontes integrou-se no grupo de Bilac, que o considerava o maior dos novos, segundo o testemunho de Luís Edmundo. Seu parnasianismo, contudo, não foi igual ao de Bilac ou de qualquer outro dos corifeus: senhor de personalidade esfuziante, Martins Fontes praticou uma poesia de expressão inquieta, novidadeira no uso de vocábulos que ele forjava, colorida, voltada para numerosos centros de interesses que ele ia espelhando em livros díspares como assunto: Rio de Janeiro, São Paulo, Granada, São Francisco de Assis, Augusto Comte, Xarazade, o lirismo medieval... O previsível e o imprevisível. Martins Fontes foi uma das mais expressivas figuras do nosso neoparnasianismo, onde dominou o pólo fulgurante, declamatório, de puro “rebrasilhamento” verbal.

Fonte: “Poesia Parnasiana” Antologia – Edições Melhoramentos – 1967.

13 comentários:

Anônimo disse...

Furtado,

Obrigada pelo partilhar deste belo soneto de Martisn Fontes.

"E a causa desta horrível agonia,
é ter amado, quando amar se pode,
sem ter amado quanto amar devia."

Tão verdadeiro...
Beijos.

Maria

Unknown disse...

Oi Furtado!

Vim retribuir a visita e me encantei com a poesia!
Não conhecia o autor, mas gostei muito.

Abraços,
Lia♥

chica disse...

Mais um poeta que desconhecia.Aprendo aqui! abração,chica

Valéria lima disse...

"...ter amado, quando amar se pode,
sem ter amado quanto amar devia"
Carregarei essa frase sempre comigo, Obrigada!

BeijooO

Unknown disse...

Meu amigo,
Adorei o poema, verdadeiro retrato
da culpa manifestando arrependimento, pelas falhas cometidas...
Brilhante!!!

Furtado meu querido,
Sempre adoro ler teus comentários,
tão objetivos. Você sempre vai ao ponto, percebe as falas da escrita e faz a associação correta as leituras da vida. Até aquelas cheinhas de humor que eu adoro!
Tuas visitas pra mim, são imprescindíveis,
Obrigado!

Lindo fim de semana pra ti
Bjs

Everson Russo disse...

O melhor sentimento dessa vida meu amigo,,,é amar e ser amado,,,e que seja pra sempre enquanto dure....abraços e um belo final de semana pra ti...

Agulheta disse...

Amigo Furtado! Obrigado pela visita e comentário,agradeço a forma como descreveu o blog.Ao vir aqui,leio um belo poema de um poeta que não conheço,obrigado pela partilha,gostei muito pode crer.
Beijinho e bfs Lisa

Anônimo disse...

maravillosa tristeza. me gusta, aunque peque duro.
un abrazo.

Anônimo disse...

Assim, tristinho demais né!
Bjs.

POESIA CÁ E LÁ disse...

Poesia é magia: na alegria e na tristeza!!

Bom visitar teu blog e saborear os versos que tua alma nos escolhe pra brindar.

Beijos ternurentos

ANTOLOGIA POÉTICA disse...

Olá amigo!!
Nada melhor do que amar e ser amado.

Linda postagem.....Beijos meus e BOM FDS.

Helô Strega disse...

Eu gosto muitos dos escritos de Matins Fontes.
Parabéns pela escolha!
Bom domingo!

Tais Luso de Carvalho disse...

Oi, Furtado, muito obrigada pela sua gentil visita ao meu blog.

Pois ao me dirigir ao seu, não é que dou com um poema que por um pouquinho não postei na semana passada? BEIJOS MORTOS é muito lindo. E gostei de ter lido a biografia que você postou.

O livro que tenho foi organizado pelo Sérgio Faraco, um dos nossos melhores contistas aqui do sul, e muito conhecido.
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BEIJOS MORTOS
Livro dos sonetos:
Organização de Sergio Faraco
Porto Alegre – L&PM, 1996
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Parabéns por esta escolha.
Um abraço
Tais luso